O meu pai
Hoje é um daqueles dias em que o passado nos vem à cabeça. As memórias estão adormecidas no subconsciente mas há coisas que as fazem acordar e voltar a ser presente.
No dia 23 de fevereiro de 1917, já lá vão 88 anos, nascia no Porto um bebé a quem deram o nome de Fernando.
Quasi 33 anos depois, esse senhor seria pai pela primeira vez (que eu saiba...).
E quem é hoje o rebento do Sr. Fernando?
Eu, pois claro!
Falecido em 1993, nunca chegou a saber de muitas das maluqueiras que o filho fez ao longo da vida. Sempre lhas escondi. Sempre temi o seu juízo severo. Ainda bem! Acharia que não fora para isso que me educara, como costumava dizer em tom de censura.
Os filhos raramente são aquilo que os pai ambicionaram e esperavam que eles fossem. Eu não fui, nem sou, excepção.
Mas hoje não me apetece escrever. Prefiro antes pensar. Recordar. Sozinho.
Hoje estou mais virado para rever flashes da vida desse homem querido que me gerou e me ensinou o significado de palavras como honra, dignidade e honestidade.
Slides da nossa vida em conjunto, da família, dos carinhos, das chapadas, dos conselhos incessantes, das tiradas filosóficas, das manias e loucuras (eu tinha de sair a alguém, não é verdade?), da dificuldade em me ver como um adulto...eu, o seu filhinho.
Imagens gravadas a fogo da sua morte dolorosa. E o profundo vazio que deixou dentro de mim. Para sempre.
Mas enquanto eu for vivo, ele também o será! Depois, não sei...talvez morra comigo. Definitivamente.
Desculpem, mas vou fechar isto. Estou a chorar e não quero que ninguém veja.
Boa noite!
No dia 23 de fevereiro de 1917, já lá vão 88 anos, nascia no Porto um bebé a quem deram o nome de Fernando.
Quasi 33 anos depois, esse senhor seria pai pela primeira vez (que eu saiba...).
E quem é hoje o rebento do Sr. Fernando?
Eu, pois claro!
Falecido em 1993, nunca chegou a saber de muitas das maluqueiras que o filho fez ao longo da vida. Sempre lhas escondi. Sempre temi o seu juízo severo. Ainda bem! Acharia que não fora para isso que me educara, como costumava dizer em tom de censura.
Os filhos raramente são aquilo que os pai ambicionaram e esperavam que eles fossem. Eu não fui, nem sou, excepção.
Mas hoje não me apetece escrever. Prefiro antes pensar. Recordar. Sozinho.
Hoje estou mais virado para rever flashes da vida desse homem querido que me gerou e me ensinou o significado de palavras como honra, dignidade e honestidade.
Slides da nossa vida em conjunto, da família, dos carinhos, das chapadas, dos conselhos incessantes, das tiradas filosóficas, das manias e loucuras (eu tinha de sair a alguém, não é verdade?), da dificuldade em me ver como um adulto...eu, o seu filhinho.
Imagens gravadas a fogo da sua morte dolorosa. E o profundo vazio que deixou dentro de mim. Para sempre.
Mas enquanto eu for vivo, ele também o será! Depois, não sei...talvez morra comigo. Definitivamente.
Desculpem, mas vou fechar isto. Estou a chorar e não quero que ninguém veja.
Boa noite!
8 Comments:
Olá, vim porque vi seu link nos visitantes do Língua de Mariposa. Você não deixou comentários, mas não faz mal. Eu vim assim mesmo.
Moro em Madrid e sou brasileira.
O blog em que eu escrevo sobre este país é outro. Chama-se Cicatrizes da Mirada. Talvez você goste.(www.cicatrizes.blogger.com.br)
Sobre seu dia, apesar de querer estar sozinho, te diria que contasse histórias de seu pai aos seus filhos. Assim ele não desaparecerá nunca!
o meu partiu há 42 anos e ainda o sinto vivo a meu lado...
Gostei muito do teu texto.... vai em frente.
Quando criei este cantinho foi com o propósito de me divertir e tentar divertir quem o lesse.
Mas, como escrevi no intróito, também poderia escrever sobre coisas sérias.
Foi esta a primeira vez que o fiz.
Quero agradecer os vossos comentários. E o alento que me quiseram transmitir.
Bem hajam!
Querido Amigo,
Tive vontade de te abraçar quando li este teu texto..... sabes.. trouxeste-me ao pensamento a imagem tao real de que somos todos crianças...umas com mais idade que outras...mas no fundo...somos todos crianças ansiosas por amar e ser amadas... por partilhar sorrisos e trocar palavras.. por viver e conviver com os que nos sao mais queridos..... e somos aquele ser sempre saudoso dos bons momentos....que ninguem nos tira...
Um beijinho muito grande de uma amiga que se derrete ao ver um homem chorar... há uma canção que diz: "big boys don't cry"... pois eu digo: Um grande Homem é aquele que nao tem vergonha das suas lagrimas nem dos seus sentimentos..e ousa expressá-los!
Um abraço apertado e cheio de carinho para alguem tao especial no meu coraçao e na vida de todos aqueles que o rodeiam!:o) Tareca
oh! António...como me senti reflectida em ti, pela forma como
exprimiste e mostraste o teu lado
do "avesso". Tanta coisa do passado, passa na nossa mente como uma longa metragem...mesmo de olhos fechados...tudo tão claro.
Beijinhos
betania
http://betanices.blogs.sapo.com
Oi,safsac!
Cliquei no teu nome mas não linkou com nada.
Obrigado por teres aqui escrito.
Continua, para este ser um espaço vivo...louco e vivo. Porque se for louco e morto, mais vale pôr um letreiro a dizer:
Trespassa-se!
António, não consigo comentar neste espaço, ou melhor escrevo...
mas depois não fica nada visível.
Que será...que será?
Beijinhos
betania
http://betanices.blogs.sapo.pt
"Um pai, com tudo o que nos deu (sem que tivéssemos notado ou estando ainda hoje agradecidos por isso) ou que nos não deu (porque não quis, não pôde, não soube; quer o tivéssemos relevado, quer não o tenhamos sabido perdoar), e com tudo o que lhe démos ou não démos, é uma parte de nós gigantesca, sem que disso possamos supor até ao derradeiro momento da perda. Na verdade, e ainda que sejamos tanto sem que ninguém mais disso saiba, parte de nós era aquele que nos assumiu, e como que não nos avisaram disso a tempo. E quando nos morre essa parte da vida, sobra-nos uma metade perdida, desalicerçada, e tão traída, que, por momentos, faz todo o sentido que ele ou ela nos tivessem ajudado a andar pela primeira vez, pois que agora damos por nós a ensaiar os “primeiros passos” de novo (...)".
Escrevi-o há pouco a um amigo, e apeteceu-me deixá-lo também aqui, correndo riscos de extemporaneidade, ou talvez nunca.
Passeei-me por este seu cantinho com gosto e deixo-lhe um abraço.
Paula
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