Eu sou louco!

Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças! (este blog está registado sob o nº 7675/2005 na IGAC - Inspecção Geral das Actividades Culturais)

A minha foto
Nome:
Localização: Maia, Porto, Portugal

sábado, março 12, 2005

As vocações

Um dos meus dramas pessoais, uma das minhas angústias existênciais é nunca ter descoberto em mim nenhuma vocação especial.
Tenho jeito para isto e para aquilo, mas não sou verdadeiramente bom em coisa nenhuma.
Costumo dizer, meio a sério e meio a brincar (se calhar bem mais a sério que a brincar) que sou engenheiro por formação mas não por vocação.
E ao fim de mais de meio século de vida, continuo sem saber exactamente o que gostaria de ser ou fazer.
E tenho a certeza que a maior parte das pessoas estão como eu.
Isto vai-se ultrapassando com o trabalho, o estudo, o exercitar dos vários leves talentos que se possui para uma ou outras actividades mas, no fundo, bem no fundo, acho que tenho uma tremenda inveja dos que nasceram com uma vocação, um gift, uma dádiva.
Os que tem a vocação da escrita, das artes plásticas, da música, da representação, da dança, das matemáticas, da investigação, da destreza manual, da prática desportiva, da oratória, da argúcia argumentativa, da culinária, da inventiva, do humor, da sedução, da religiosidade, da solidariedade, da cirurgia, enfim de muitas outras coisas, inclusivé o talento de não gostar de fazer nada e saber viver de expedientes, não sabem a sorte que tiveram.
Quasi desde a infância que tem o caminho traçado. Basta uma boa dose de dedicação áquilo para que foram fadados. Muito trabalho, também, se quiserem atingir o cume da montanha, mas sabem por onde ir.
Os outros, como eu, andamos perdidos, muitas vezes até à morte, sem sabermos nunca qual o trilho que deveriamos ter seguido, Em que actividade nos sentiríamos realizados pois, no fundo, nunca nos sentimos completamente bem com aquilo que fazemos. Há sempre outra coisa que gostaríamos de ter feito ou de fazer.
Apesar de tudo, ainda espero um dia vir a descobrir qual a minha vocação. É uma ilusão, não é? Mas deixem-me viver com ela, por favor!
Será que é esta longa e permanente ansiedade, escondida nas profundezas do meu eu, mas que emerge quando se fica algures no percurso até uma nova meta, que me leva a gritar:
Eu sou louco!?

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ola António!
Acho que há pessoas que nunca chegam mesmo a descobrir a sua vocação. Talvez nos tenham imposto a ideia de que é suposto termos uma vocação ou um talento. Talvez vocação e talento cheguem a ser coisas diferentes, n sei... Acho que talvez aja talentos inatos, o "termos jeito" para alguma coisa. Mas a vocação é muito mais que isso, passa do jeito ao realmente gostar de tudo o que isso implica e saber lidar com as partes más de uma actividade. Eu, por exemplo, acho que tenho jeito para a fotografia, mas não sei se tenho vocação de fotógrafa ou de outra coisa qualquer! De certeza k deves ter em ti qualquer coisa inata a que sejas bom, só que pode não ser propriamente uma vocação. Não sei se me fiz entender, mas espero que sim!

Xinhos :)

10:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

António, fizeste-me lembrar os adolescentes a fazer as tradicionais redaccções sobre o que gostariam de ser quando forem grandes...Acho que não há apenas SÓ
uma vocação. O ser humano tem capacidade de adapatação e mutação
a novos desafios...É claro que a gente tem sempre umas coisas que gosta mais de fazer do que outras, mas com afinco...faz-se um pouco de tudo.

Mas, acho que deves continuar a procurar a tua vocação de eleição.

Parar é morrer e enquanto buscas, estás a descobrir coisas novas.

Beijinhos
betania

10:46 da tarde  
Blogger António said...

Em relação ao meu texto, quero salientar que quando falo em vocação estou a pensar naquele dom que só alguns tem. Um caso quasi limite seria o de Mozart que, aos 4 anos, se sentou no cravo onde a irmã recebia uma lição do pai e tocou magistralmente uma difícil peça de fio a pavio sem um engano, sem nunca antes ter tido uma lição, só assistia às aulas da mana.
Por outro lado, ter jeito ou habilidade ou gosto é outra coisa muito diferente. Eu tenho jeito para várias coisas...mas acho que não tenho uma verdadeira vocação. Pelo menos nunca a descobri...mas ainda procuro!

12:48 da manhã  
Blogger António said...

Tarequinha, minha querida amiga!
Gostei muito do teu comentário.
Até aumentou a minha auto-estima.
Eu sou o bom!
Eu sou o bom!
Sou o bom demais!
eh eh eh
Jinhos

12:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bem, nesse caso, acho que talvez nem toda a gente possua um dom especial... se calhar ainda bem! Mas acho que o dom da vida e o facto de com ela podermos fazer coisas maravilhosas pode já ser algo de maravilhoso! ;)

Xinhos

2:48 da tarde  
Blogger dinorah said...

Quando era (um pouco) mais nova costumava dizer: "gosto de tudo e não gosto de nada", mas n repetia muito alto a célebre frase, pois achava eu, na minha inocência, que poderia ser interpretada como falta de personalidade... Felizmente, rapidamente, mudei de ideias e agora vejo-me, por vezes, envolta em tanta personalidade que não sei por onde me virar!
Há tantas coisas que gosto de fazer, que seria incapaz de escolher só uma e ficar restringida a tão pouco...

Não será o teu dom teres a possibilidade de escolher qulquer trilho, que serás sempre bem sucessido?!
pensa nisso...

um beijo

12:01 da manhã  
Blogger RD said...

alô antónio!
olha concordo com a gatixa, um comentário bem discreto!
amigo, eu tou como tu e hei-de estar assim até morrer. não me interessa ser de outra forma, assim ao menos continuo sempre a procurar em vez de me acomodar.
antónio, é mais do que bom saber fazer montes de coisas, a versatilidade é um espectáculo! ihihih.
só tens que te habituar a ti e te aproveitares, cansamo-nos bastante mas cada um tem o que tem.

12:55 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home