Eu sou louco!

Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças! (este blog está registado sob o nº 7675/2005 na IGAC - Inspecção Geral das Actividades Culturais)

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domingo, março 06, 2005

No Olimpo

Após ter subido a íngreme e alta montanha, de ter passado a linha das núvens, de estar a olhar para uma paisagem toda feita de algodão em rama, vi-me diante desse paraíso onde habitam mais de 3.000 deuses: o Olimpo.
Entrei seguro.
Apreciava com prazer as belezas edénicas que se me deparavam, quando começo a ouvir um som melodioso. Aproximei-me aos poucos e deparei com o famoso coro das nove musas dirigido por Apolo, irmão das meninas com voz de sereia (mas sem barbatanas). Cantavam o famoso tema Obladi-Obladá!
Mais à frente encontrei Deméter, a irmã de Zeus que é a deusa das terras cultivadas, a plantar uns belos pés de alface.
Pouco depois, num vinhedo, reconheci Dionísio, deus do vinho, a verificar o estado dos cachos. Tinha um cálice na mão e ía sorvento um trago de quando em vez (presumo que não era cicuta...).
Caminhei mais um pouco e olhei, bem de perto, Pan, o deus das pastagens, que ía cuidando de um rebanho de bem acolchoadas ovelhas. Tinha o ar concupiscente de quem não é muito admirador da lã virgem.
Atravessada a pastagem, encontrei um bosque onde corria um regato e, oh imagem perturbante, um número incontável de ninfas, seminuas, íam-se divertindo a correr, a esconder-se, a banhar-se na água cristalina. Aquilo pareceu-me muito mais o paraíso do que o que vira até então.
Mas, azar o meu, logo depois estava em frente ao portão de entrada dos subterrâneos do Olimpo. Pensei em ir dar uma mirada e saudar Hades, irmão de Zeus, que governava também o reino dos mortos. Mas Cerbero, o cão de três cabeças e cauda de serpente, que guardava o acesso a esse território, estava com cara, quero dizer, caras, aliás focinhos pouco amistosos.
Dei meia volta e embrenhei-me novamente num bosque (sempre com as ninfas a correr e a saltar, coitadinhas das inocente, mas pensamentos muito lascivos me passavam pela cabecinha) até que fui dar a um mar interior.
Ali mandava Posídon, também irmão de Zeus, e sua mulher Anfitrite. E no mar estavam as cinquenta sedutoras e perturbantes filhas de Nereu, as Neréides, que se banhavam sem pudor nas serenas e divinas águas. Felizmente para mim, Posídon não decretara nenhuma tempestade para essa ocasião. Assim, pude deliciar-me a apreciar, com os olhos desorbitados e os dentes como ossos, os beldades a gozar as delícias do sol e do mar.
Contornei esse magnífico espelho azul e, finalmente, entrei na zona aristocrata do olímpico Éden.
Zeus, o rei dos deuses e dos homens, estava majestosa e helénicamente sentado no seu trono, ladeado pela bela esposa Hera. Esta já não era muito nova, mas conservava ainda os traços e a silhueta do que fora outrora uma belíssima jovem.
Perto estavam os filhos mais queridos:
Artemisa, deusa da caça, mas também da lua e da noite (não me constou que tivesse alguma casa de strip-tease ou discoteca).
Hermes, que protegia os comerciantes e os ladrões (que associação mais esquisita!...).
Atena, amasculinada, com um generoso buço no rosto e massas musculares de uma culturista, era a deusa da guerra e da indústria (pesada, creio).
Ainda pude ver Hefesto, deus do fogo e da metalurgia, a supervisar a preparação de uma encomenda de não sei quantas espadas (das longas e chatas como a de D. Afonso Henriques) para satisfazer sua irmã Atena.
Ares, também deus da guerra e sócio da atlética mana, vigiava o controle de qualidade, dando umas espadeiradas por amostragem.
A que guerra se destinaria esse armamento? Seria a uma guerra de alecrim e manjerona? À guerra dos sexos? Não descobri!
De repente, reparei na mais maravilhosa mulher que jamais vira!
Era Afrodite! Sim, Afrodite, a deusa do amor e da beleza.
A vontade de amá-la nasceu e muito depressa aumentou, aumentou...mas, como simples mortal, temia o que me pudesse acontecer se desse um passo em falso.
Reparei que faltava o mano Apolo, mas ainda devia estar com o coro das musas, a exibir o seu rosto imberbe e o seu corpo bem esculpido, gesticulando com uma doçura de mulher.
Mas eu continuava maravilhado!
No Olimpo! E Afodite ali tão perto!
Os meus pensamentos começaram a ficar descontrolados. Mas a ideia de poder ser obrigado a descer ao Tártaro, o lugar dos suplícios e das dores infinitas, o inferno do Olimpo, aplacava os meus ímpetos. Por outro lado, se caísse nas boas graças da filha de Zeus, talvez tivesse garantido um lugar eterno nos Campos Elíseos depois da morte. É o céu do Olimpo.
A dúvida era um pouco angustiante, mas a sedução da bela deusa....
Triiiiim!!!!
Tocou o despertador.
Maldição! Porque é que os sonhos acabam sempre?

1 Comments:

Blogger Zica Cabral said...

fartei-me de rir com a historia recontada da mitologia grega. Quando estava no 2º ano d antropologia "tive" que escrever a historia socio economica da Grécia Antiga. Ai....... se tivesse um texto destes à mão sem duvida que o tinha escarrapachado lá quando chegou a parte da mitologia.
Está muito bem escrito......e com pilhas de graça.
Beijinhos Zica

5:27 da tarde  

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