Eu sou louco!

Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças! (este blog está registado sob o nº 7675/2005 na IGAC - Inspecção Geral das Actividades Culturais)

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sexta-feira, maio 20, 2005

As putas de Amsterdam

Dans le port d´Amsterdam
Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé
Des putains d´Amsterdam…


(Jacques Brel)

Já vos falei da viagem do meu curso de uma forma genérica.
E prometi contar-vos umas historietas. Eis uma delas:

Já na fase descendente da viagem de curso, e após uma semana na Alemanha, chegamos finalmente a Amsterdam. Era um dos momentos mais esperados. A grande cidade era, na altura, o maior centro do movimento hippie na Europa. Algumas semanas antes, a praça central – o Dam – estava inundada por centenas ou milhares dos bizarros pacifistas. De tal modo, que o governo local vira-se na necessidade de os mandar sair dali. Como a ordem não tivesse sido acatada, uma intervenção da polícia à mangueirada tinha provocado o efeito pretendido.
Apesar de tudo, chegados ao hotel, cumpridas as formalidades habituais, atribuídos os quartos e arrumadas as coisas, lá fui com um grupo mais ou menos numeroso até ao Dam. Hippies, nem vê-los.
Mais umas voltinhas pela zona central, os colegas vão dispersando e acabamos juntos quatro mariolas. Eu, o Jacinto, o Afonso e o Domingos.
- Malta! – diz o Jacinto – vamos até à “zona”?
- Siga! Temos de perguntar o caminho – apoia um dos outros.
- Jantamos por lá! – sugere o sempre esfomeado Jacinto.
A “zona”!
Finalmente íamos ver a famigerada “zona” de Amsterdam.
O local de concentração da legalizada prostituição. Ficava perto do Dam.
Quando lá chegamos ainda era dia. Ao longo de dois canais, cada um deles ladeado por duas ruas ligadas por velhas pontes, numa extensão de 200 ou 300 metros, e com outras veredas, transversais, a fazerem a ligação entre os canais, estendia-se o casario típico das velhas construções dos Países-Baixos.
Mas, o que era verdadeiramente surpreendente eram as janelas de vidro único dessas casas: dentro de cada uma delas estava um mini quarto, ocupado por uma meretriz parcamente vestida, com uma pequena cama, almofadas, cadeira ou sofá, enfim, o necessário para tornar a entrada apetecida aos transeuntes mas carenciados. Nas ruas andavam principalmente turistas. Homens e mulheres, novos e velhos.
Havia ainda umas sexy-shops e umas casas de strip-tease que viemos a verificar serem bem foleiras.
Mas o centro das atenções eram as mulheres em exibição. A maioria eram novas, elegantes e bonitas. Também havia uns camafeus, mas poucos. Bastantes negras. Mas as loiras predominavam.
Completamente embasbacados, os quatro demos uma volta de reconhecimento e decidimos ir comer qualquer coisa. Rapidamente, pois queríamos voltar aos canais.
E por lá andamos até à meia-noite ou perto disso. Depois, a fadiga da viagem levou-nos para a cama.
Mas na noite seguinte, ainda em Amsterdam, lá voltamos para a “zona”. Os quatro. Outros colegas andavam por lá, alguns com as namoradas que ao longo da viagem tinham aprendido a encarar estas coisas com muito “fair-play”.
Entretanto, tivemos oportunidade de apreciar alguns clientes a entrar. Imediatamente uma cortina corria e impedia qualquer espreitadela de sexo ao vivo. Cronometramos. As sessões eram rápidas. Dez a quinze minutos. Perguntamos o preço: cinquenta marcos alemães (pois...moeda forte) que valiam na altura (fins de Março de 1972) cerca de quatrocentos escudos.
Mais umas voltinhas e o Afonso arrasa:
- Vou entrar!
- Força, pá! – dissemos nós.
Meu dito, meu feito. O arrojado portuga, com o seu ar bem parecido, entra por uma das portas e vai para um quarto. Fecha-se a cortina. Começamos a cronometragem.
Cinco minutos. Dez minutos. Quinze minutos. Vinte minutos.
- Porra! O gajo é do caraças! – diz um de nós.
- Os portugueses são assim – ironiza outro.
- O certo é que não vimos ninguém a demorar tanto tempo – comento eu.
Ao fim de quasi meia-hora sai o nosso comparsa.
Mão nos bolsos do elegante sobretudo (as noites estavam frias) e um sorriso nos lábios.
- Então, pá? Conta lá isso!
- Tim-tim por tim-tim...
- Foi porreiro – diz o nosso herói.
- Mas como conseguiste aguentar tanto tempo?
- Vocês não sabem que eu sou bom? – gaba-se o Afonso.
E fomos caminhando.
A certa altura, o valentão pára e diz:
- Tenho de vos confessar uma coisa. Paguei...e não fodi!
- Como? – dissemos em coro – então que aconteceu?
E o pobre Afonso lá nos conta que entretanto apareceu outra prostituta que, aparentemente, lhe dizia que tinha de pagar mais um tanto e ter relações com as duas, porque não podia ser só com uma, porque...porque...e depois falavam uma língua que não percebia. Até que entra um homem. Aí, o nosso amigo é que não gostou mesmo nada da cena. E acabou por sair.
- Mas pelo menos apalpei uma mama à gaja! – remata com ar conformado o nosso ex-herói.

20 Comments:

Blogger Unknown said...

ai as "putas de amestrerdam" qual montra qual vitrine, qual bebida qual cigarro

9:35 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

eheheheheheh...
Acho que Amesterdão é o paraíso adivinhado de qualquer "miúdo" (tenha que idade tenha).

10:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

António, dei uma vista geral pelos
últimos artigos e acho que tu podias pensar em escrever um livro
pq imaginação e jeito para narrativas é coisa que não te falta.
Beijinhos

11:39 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Estou mesmo a ver...
Há uma história. E aconteceu à Sr. D. futura minha Sogra.
Lá estava ela, mais o marido e os filhos, em Amesterdão, de Férias. O meu mais-que-tudo devia ter uns sete anos.
E ela decide ir tomar café, sozinha.
MAs como não via nenhum nas redondezas, entrou no primeiro que lhe pareceu agradável.
Tás a imaginar onde ela entrou?
E o meu Mais-que-tudo, cá fora da vitrine, de olhos arregalados a dizer:
-Mãe...tou a ver uma Senhora toda nua, e agora? Tapo os olhos?
A mãe, quando se apercebeu que estava a ser servida por uma menina, com uns trajes 'estranhos', bebeu o café a correr e saiu a rir-se.
O mais-que-tudo perguntou:
-E agora toda a gente viu-te a sair de lá e vão pensar que também és malandra! Por favor, não digas que sou teu filho...
Bem, não tenho aquela sensibilidade para descrever estas histórias, mas lembrei-me.
Bj...

;)

12:34 da manhã  
Blogger dinorah said...

Ai,as meninas de Amestrerdam! Também já tive o prazer de passear por essa cidade fantástica! E também lá vi as meninas, os meninos, o canabis, entre outros pontos turisticos!! E não é que houve uma "pikena" inocente no nosso grupo que ao olhar para as janelas envidraçadas exclamou:" que hotel tão estranho... então têm as camas mesmo em frente às janelas e com as cortinas abertas?!" hihihihi!
deliciosa!

beijinhos

12:36 da manhã  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Olá António

As tuas histórias como sempre, são fantásticas! As montras famosas das meninas em Amsterdam ou seja "As putas de Amsterdam". Para consolo, o teu amigo não veio de todo com as mãos a abanar, sempre teve direito a qualquer coisita! :-))

Bom fim de semana

Beijocas

3:18 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olha, tenho de te dizer que tive o prazer de estudar aí nessa cidade durante pouco tempo.

Tenho uma opinião muito própria sobre o Red Light District: não fico nada chocada. A prostituição existe em todos os países, e, ao menos ali, é bem mais limpa e protegida que na maior parte dos outros lugares. ;)

Sim, porque não tenhamos ilusões... Muita gente ainda vai às meninas... E tu és a prova! LOL

2:55 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

migo, um beijinho rápido.
não tenho vindo porque não posso, muito trabalho. I'll be back. ;)

3:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olha, António, o primeiro unknown é a Caiê. o Blogger não funcionou não sei porquê...

4:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Li, com um sorriso nos lábios... o meu Pai tinha uma história estranha que gostava de contar aos amigos, só que nunca me deixou ouvir!

Porque seria??
eheh

Abraço e obrigada pelas tuas presenças no meu blog :-)

7:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

António, já respondi à tua pergunta... Espero ter sido clara. odeio confusões. :) bjs

8:34 da tarde  
Blogger Mitsou said...

Tuga que é tuga sempre apalpa alguma coisa! ehehehehe. Por acaso, Amsterdam traz-me memórias risonhas do meu baú dos afectos. Beijinho e fico a aguardar a próxima história.

10:54 da tarde  
Blogger BlueShell said...

Coitado dele...e ainda pagou...Mas ó António...tu foste à "zona"????
Ai, ai, ai...

Jinho ternurento, BShell

12:55 da manhã  
Blogger BlueShell said...

É que podia ser a sala, a cozinha...mas não...tinha de ser o "QUARTO"...hehehehhe....o Quarto!!!Logo o quarto!
Jito, BShell

1:46 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Mais uma estória deliciosamente contada...Certamente que o teu amigo guardará uma lembrança grata dessa situação algo bizarra! Continuação de bom domingo :-)

7:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Será que a mamoca era real? lol
Mais uma excelente história. na verdade a nossa vida é feita destes momentos.
Abraço

1:16 da tarde  
Blogger maria santos said...

:) boa história...belo personagem que acabou por confessar o seu falhanço...não é qualquer um...normalmente gostamos de nos gabar...até daquilo que não fazemos. ahahahah

5:30 da tarde  
Blogger Viuva Negra said...

interessante admitir que vai ás putas , paga e não f...

2:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Levei lá o meu "piqueno" há pouco.Quando lhe perguntei se sabia o que aquelas mulheres lá estavam a fazer, olhou-me com desdém e disse: Claro que sei, vendem o corpo!
Pega lá, querias explicar-lhe mas chegaste "só" um bocadinho tarde...

5:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Já me tinha contado essa história... mas a dúvida subsiste: Será que foi mesmo o Afonso?
RT

5:53 da tarde  

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