A viagem de curso
Nas férias da Páscoa de 1972 (reparem bem que foi antes de 1974 e, portanto, em plena época marcelista, da Guerra Colonial e da censura, entre outras coisas), trinta e três alunos finalistas do curso de Engenharia Química da FEUP (mais um professor), efectuaram a chamada viagem de curso.
Sem esquecer o motorista, peça fundamental da engrenagem – o Sr. Vendas.
Eu era um dos membros da Comissão Organizadora (só organizar uma coisa destas deu cá um gozo! …) que sempre se mostrou muito competente (pois… a gente também ia! …).
Esta viagem de autocarro através da Europa, na altura tão distante e tão inacessível (o regime não autorizava os rapazes em idade pré-serviço militar a saírem do país) foi, sem dúvida, um momento absolutamente inesquecível da minha vida.
Este texto é, fundamentalmente, um intróito que tem como objectivo primário gabar-me, fazer-vos podres de raiva e meter nojo e, como fim subsidiário, dar-vos uma ideia do enquadramento geral em que se passaram algumas historietas relacionadas com a passeata e que futuramente, se bem que ao sabor do imprevisto, aqui irei contar.
Foram vinte e quatro dias espantosos, a ver coisas de que ouvíramos falar, sobre as quais lêramos muito ou pouco, que víramos no cinema e na TV, mas sobretudo em fotografias nas revistas e jornais (e até mesmo em livros escolares) e que nos deixaram de boca aberta como se estivéssemos todo esse tempo no dentista (salvo seja!).
Vou-vos dizer qual o trajecto seguido:
Porto – Madrid – Barcelona – Andorra – Lyon – Genève – Zurich – Innsbruck – Garmisch – Ludwigschafen – Frankfurt – Koln – Amsterdam – Brussels – Paris – Bordeaux – Burgos – Porto.
Estas foram as terrinhas onde pernoitamos. Mas paramos, ou simplesmente atravessamos, outras. Munchen, por exemplo.
(optei por escrever o nome das cidades na língua original – removendo os tremas, que não sei como escrever – para meter ainda mais nojo!).
O curso tinha mais de setenta alunos. Dos que não fizeram a viagem, muitos se vieram a arrepender após ouvirem toda a panóplia de aventuras e desventuras que os ufanos excursionistas narraram.
O custo foi baixíssimo, porque os organizadores foram exímios (tosse, muita tosse) em arranjar dinheiro: quer com publicidade no livro de curso, quer com ajudas do ministério da Educação, quer ainda com a valiosa colaboração do DAAD, organismo dum ministério alemão que tinha como função apoiar estas iniciativas com o objectivo de promover aquele país.
Também visitamos umas empresas: a BASF, a Bayer, a Lurgi e a Foxboro.
Mas que era isto comparado com a neve em Andorra e na Áustria, com os lagos da Suiça, com as cervejas na Alemanha ou o Crazy Horse de Paris? Peanuts!
E que tal? Roídinhos de inveja? Pois tem mesmo razão para isso!
Ainda hoje, quando se encontram colegas que partilharam a viagem, fazem-lhe sempre uma alusão, por mais curta que seja.
- Então quando é que vamos repetir a viagem de curso?
- Por mim começava já hoje!
E mais vos digo: se um dia chegasse a primeiro-ministro, haveria de dar mais um feriado aos portugueses; o dia 11 de Março (mas não por causa do golpe do Vasco Gonçalves e seus amigos).
Não posso deixar de realçar que toda a malta se portou impecavelmente, nomeadamente num ponto que costuma ser o mais complicado de cumprir: a comparência sempre à hora marcada para as partidas. Mesmo que os mancebos estivessem a morrer de sono ou as senhoras (que eram dezassete, metade da troupe) não tivessem a maquilhagem nos trinques.
Devido à crise académica de Coimbra de 69, alguns dos felizardos não se falavam (uns tinham feito greve aos exames, outros não). Mas no final já eram todos amigos outra vez.
E hoje fico-me por aqui.
A propósito! Que tal uma excursãozita destas agora que se aproximam as férias?
Vão consultando as agências de viagem!
Sem esquecer o motorista, peça fundamental da engrenagem – o Sr. Vendas.
Eu era um dos membros da Comissão Organizadora (só organizar uma coisa destas deu cá um gozo! …) que sempre se mostrou muito competente (pois… a gente também ia! …).
Esta viagem de autocarro através da Europa, na altura tão distante e tão inacessível (o regime não autorizava os rapazes em idade pré-serviço militar a saírem do país) foi, sem dúvida, um momento absolutamente inesquecível da minha vida.
Este texto é, fundamentalmente, um intróito que tem como objectivo primário gabar-me, fazer-vos podres de raiva e meter nojo e, como fim subsidiário, dar-vos uma ideia do enquadramento geral em que se passaram algumas historietas relacionadas com a passeata e que futuramente, se bem que ao sabor do imprevisto, aqui irei contar.
Foram vinte e quatro dias espantosos, a ver coisas de que ouvíramos falar, sobre as quais lêramos muito ou pouco, que víramos no cinema e na TV, mas sobretudo em fotografias nas revistas e jornais (e até mesmo em livros escolares) e que nos deixaram de boca aberta como se estivéssemos todo esse tempo no dentista (salvo seja!).
Vou-vos dizer qual o trajecto seguido:
Porto – Madrid – Barcelona – Andorra – Lyon – Genève – Zurich – Innsbruck – Garmisch – Ludwigschafen – Frankfurt – Koln – Amsterdam – Brussels – Paris – Bordeaux – Burgos – Porto.
Estas foram as terrinhas onde pernoitamos. Mas paramos, ou simplesmente atravessamos, outras. Munchen, por exemplo.
(optei por escrever o nome das cidades na língua original – removendo os tremas, que não sei como escrever – para meter ainda mais nojo!).
O curso tinha mais de setenta alunos. Dos que não fizeram a viagem, muitos se vieram a arrepender após ouvirem toda a panóplia de aventuras e desventuras que os ufanos excursionistas narraram.
O custo foi baixíssimo, porque os organizadores foram exímios (tosse, muita tosse) em arranjar dinheiro: quer com publicidade no livro de curso, quer com ajudas do ministério da Educação, quer ainda com a valiosa colaboração do DAAD, organismo dum ministério alemão que tinha como função apoiar estas iniciativas com o objectivo de promover aquele país.
Também visitamos umas empresas: a BASF, a Bayer, a Lurgi e a Foxboro.
Mas que era isto comparado com a neve em Andorra e na Áustria, com os lagos da Suiça, com as cervejas na Alemanha ou o Crazy Horse de Paris? Peanuts!
E que tal? Roídinhos de inveja? Pois tem mesmo razão para isso!
Ainda hoje, quando se encontram colegas que partilharam a viagem, fazem-lhe sempre uma alusão, por mais curta que seja.
- Então quando é que vamos repetir a viagem de curso?
- Por mim começava já hoje!
E mais vos digo: se um dia chegasse a primeiro-ministro, haveria de dar mais um feriado aos portugueses; o dia 11 de Março (mas não por causa do golpe do Vasco Gonçalves e seus amigos).
Não posso deixar de realçar que toda a malta se portou impecavelmente, nomeadamente num ponto que costuma ser o mais complicado de cumprir: a comparência sempre à hora marcada para as partidas. Mesmo que os mancebos estivessem a morrer de sono ou as senhoras (que eram dezassete, metade da troupe) não tivessem a maquilhagem nos trinques.
Devido à crise académica de Coimbra de 69, alguns dos felizardos não se falavam (uns tinham feito greve aos exames, outros não). Mas no final já eram todos amigos outra vez.
E hoje fico-me por aqui.
A propósito! Que tal uma excursãozita destas agora que se aproximam as férias?
Vão consultando as agências de viagem!
25 Comments:
E deixas essa boa sugestão no fim! Pois. Eu ía já também.
Íamos! Combinávamos uma excursão bloguista e ía ser um festival de loucura! :)
Bjinhos
Mesmo não sendo ex-finalista da FEUP...também posso ir?
;)
Bom fim de semana! E um beijinho. :)
"este texto tem como finalidade gabar-me, fazer-vos podres de raiva e meter nojo..."
Ó António! És tão honesto e engraçado que me fizeste rir a valer com esta frase! :)
Só é pena não gostares de ler... ;)
Para "Rosa" (mas não a do Gado Bravo):
Olá!
Conheço muitas rosas. Vermelhas, brancas, amarelas, enfim...
E afinal qual delas és tu?
Espero que não sejas a Rosa de Hiroxima...eh eh
Jinhos
Para "Caiê":
Eu gosto de ler!
Mas gosto mais de fazer outras coisas...eh eh eh
Jinhos
Para "cokas":
Um pormenor:
O professor acompanhante era namorado de uma das colegas viajantes. Mas portaram-se decentemente, atendendo aos padrões da época. Naquele tempo não havia baldas...eh eh eh
Jinhos
Atenção:
Se quiserem fazer uma viagem igual, podemos criar uma Comissão Organizadora. Proponho a Rosa Gado Bravo para chefa.
eh eh eh
Jinhos
antônio, aqui na Espanha essas viagens de fim de curso são muito populares. Gosto de ver os grupos passeando pelas cidades, visitando museus e parques. É uma excelente forma de marca com inesquecível o ano da formatura.
Adoro suas visitas, viu?
Beijos
Tou agora à espera da minha viagem!
E prefiro assim à volta do Mundo, do que as de estancias balneares...
Bom fds
oie!!!
Sempre é bom fazer isso... uma aventura desse tipo não pode ser esquecida nem deixada de lado!!
Bem.. é isso...
Bjussss
Proponho um exílio. Está dificil viver-se por cá!
Uma fuga colectiva - com férias permanentes - seria o ideal.
Proponho....hum...Cuba! Imagina: uma quantidade razoável de pessoas do mundo capitalista pedir asilo político a Fidel. Seríamos tratados que nem reis.
Bora lá?
Abraços.
Eu alinho!
Ola!
VAi la agora e descobres se sou do Norte ou do Sul...
[alentejo III]
bem, nasci em barcelos, sempre morei em barcelos, continuo a morar em barcelos e durante a semana, pq o curso assim exige, moro no porto.
agora sim, n podes ter duvidas!
Eu não gosto muito de viagens...aviso já!!!
( e depois tu dizes que és louco...louca sou eu, né?)
Mil e um beijitos, BShell
Eu ia já! Fizeste-me recordar outras excursões, tanto as académicas como as dos meus tempos de agente de viagens. Beijocas e boa semana :)
Hoje estou assim...um pouco triste e só! BShell
António
Gosto! mas gosto mesmo muito de te ler!
E a proposta do Zé não é nada má, pelo contrário bastante tentadora ;-)
Um beijo
Adorei,fica combinado,posso?Eu também vou mas,tu organizas...ah!por causas das tosses,Ah!ah!
beijocas
Ana
Oh, Ana, Ana!
Quem és tu que te não conheço?
Queres que eu organize a excursão?
Não!
Já subi de estatuto!
Crie-se uma Comissão Organizadora e eu serei o assessor principal (altamente remunerado, pois claro!).
eh eh eh
Foste o primeirinho a comentar "em estado puro" as minhas "flores"...
estás sempre alerta?heheeh
Obrigada, António...
Jinho terno,
BShell
A Pug fez-te uma pergunta lá no blog... Desculpa a ignorância dela, mas ela gostava de ter uma resposta. beijinho e obrigada pelo teu contributo e paciência com essa Gata !
Gostei da persistência!
Quem deveria ir para lá, quem era?
A menina-soldado que seviciou prisioneiros?
Um abraço
Verdes de inveja!
E hoje verdes também pelo Sporting!!!!
Bjs
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