Línguas traiçoeiras
Quando escrevo “línguas” no título desta lenga-lenga que agora começo a teclar, não me estou a referir ao órgão carnudo que temos (e os outros animais vertebrados) na cavidade bocal e que serve para ajudar à deglutição de alimentos, para lamber selos, para fazer chacota das pessoas quando a pomos cá para fora, para comer (adoro língua de vaca), para fazer bolinhas com chiclets, para mostrar ao médico numa consulta antes dele nos fizer que estamos com maus fígados e outras utilizações mais ou menos nobres como alguns jogos amorosos sobre os quais eu não me vou pronunciar pois, quem isto ler já está, tenho a certeza, muito bem documentado na matéria, mesmo sem ter tido aulas de Educação Sexual.
Refiro-me, isso sim, a “línguas” no sentido de idioma.
Feito este fundamental esclarecimento prévio que certamente muito contribuirá para a elevação do nível cultural do povo português, vou contar uma historinha:
Um velho amigo, o Vitor, é filho de um industrial têxtil.
E é também um dos tipos mais inteligentes e cultos que conheci e conheço.
Lê imenso, nomeadamente revistas estrangeiras, sendo um grande conhecedor de assuntos ligados à guerra, nomeadamente o armamento, em sentido restrito, mas também os navios de guerra, os aviões de combate e transporte logístico, os tanques, os mísseis, os sistemas de comunicação e outras coisas ligadas à Defesa.
Os conhecimentos que tem nessa área são quasi enciclopédicos.
Penso que começou a interessar-se pelo assunto quando foi estudar engenharia Electrotécnica, na área das chamadas correntes fracas, tendo acabado o curso com grande gosto pela electrónica e por um dos sectores em que este ramo do saber é mais testado e usado enquanto tecnologia de ponta: exactamente o armamento militar, em sentido lato (as armas, mas também os navios, aviões, etc.). Sobretudo o equipamento e sistemas militares norte-americanos. Os ex-soviéticos seriam melhores, talvez, na parte de materiais, ligas metálicas, mas na electrónica, os ianques levavam-lhes a palma.
Não nos esqueçamos que uma das causas imediatas da queda do império bolchevique foi a chamada Guerra das Estrelas que Ronald Reagan decidiu lançar, provocando um esforço de resposta por parte dos comunistas que muito debilitou as suas finanças.
Mas voltemos ao Vítor.
Mal acabou o curso, foi gerir uma empresa que o pai acabara de criar. Do sector têxtil, claro!
Isto aconteceu poucos meses antes do 25 de Abril, o que obrigou o então jovem a um grande esforço de preparação técnica e lhe deu vasta experiência na parte humana ao ter de enfrentar, com vinte e poucos anos, toda a turbulência laboral pós-revolução.
Mas não é sobre isso que vos vinha falar.
É sobre uma situação pela qual o Vítor passou, logo, logo no início da sua actividade empresarial.
Ao falar com fornecedores e técnicos estrangeiros que o visitavam, usando a universal língua inglesa, tinha dificuldade em fazer-se entender e em compreender, nomeadamente quando discutiam questões relativas ao fio têxtil.
Como tivera uma formação no campo electrotécnico, usava a palavra “wire” que significa, de facto, fio eléctrico.
E ainda demorou algumas semanas e aprender que fio têxtil se diz “yarn”.
Depois digam que a língua portuguesa é muito traiçoeira!
Refiro-me, isso sim, a “línguas” no sentido de idioma.
Feito este fundamental esclarecimento prévio que certamente muito contribuirá para a elevação do nível cultural do povo português, vou contar uma historinha:
Um velho amigo, o Vitor, é filho de um industrial têxtil.
E é também um dos tipos mais inteligentes e cultos que conheci e conheço.
Lê imenso, nomeadamente revistas estrangeiras, sendo um grande conhecedor de assuntos ligados à guerra, nomeadamente o armamento, em sentido restrito, mas também os navios de guerra, os aviões de combate e transporte logístico, os tanques, os mísseis, os sistemas de comunicação e outras coisas ligadas à Defesa.
Os conhecimentos que tem nessa área são quasi enciclopédicos.
Penso que começou a interessar-se pelo assunto quando foi estudar engenharia Electrotécnica, na área das chamadas correntes fracas, tendo acabado o curso com grande gosto pela electrónica e por um dos sectores em que este ramo do saber é mais testado e usado enquanto tecnologia de ponta: exactamente o armamento militar, em sentido lato (as armas, mas também os navios, aviões, etc.). Sobretudo o equipamento e sistemas militares norte-americanos. Os ex-soviéticos seriam melhores, talvez, na parte de materiais, ligas metálicas, mas na electrónica, os ianques levavam-lhes a palma.
Não nos esqueçamos que uma das causas imediatas da queda do império bolchevique foi a chamada Guerra das Estrelas que Ronald Reagan decidiu lançar, provocando um esforço de resposta por parte dos comunistas que muito debilitou as suas finanças.
Mas voltemos ao Vítor.
Mal acabou o curso, foi gerir uma empresa que o pai acabara de criar. Do sector têxtil, claro!
Isto aconteceu poucos meses antes do 25 de Abril, o que obrigou o então jovem a um grande esforço de preparação técnica e lhe deu vasta experiência na parte humana ao ter de enfrentar, com vinte e poucos anos, toda a turbulência laboral pós-revolução.
Mas não é sobre isso que vos vinha falar.
É sobre uma situação pela qual o Vítor passou, logo, logo no início da sua actividade empresarial.
Ao falar com fornecedores e técnicos estrangeiros que o visitavam, usando a universal língua inglesa, tinha dificuldade em fazer-se entender e em compreender, nomeadamente quando discutiam questões relativas ao fio têxtil.
Como tivera uma formação no campo electrotécnico, usava a palavra “wire” que significa, de facto, fio eléctrico.
E ainda demorou algumas semanas e aprender que fio têxtil se diz “yarn”.
Depois digam que a língua portuguesa é muito traiçoeira!
17 Comments:
Amigo António!
Convivo e trabalho com estrangeiros de muitas nacionalidades (é fastidioso enumerar porque são, de facto,
MUITAS!!!).
Além disso, já sabes que casei com um australiano, portanto... :) Não imaginas o que se aprende... Eu pensava que era master, mas os australianos parece que têm um inglês só deles, à parte... é com cada expressão! UFA UFA! ;)
Pois, Sininho, tenho bons amigos franceses e sim, a melodia é bonita, mas gosto ainda mais de italiano... :)
Ai as línguas... eh eh eh! ;) ia falar mais sobre as línguas, mas vou refrear a língua...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Devo dizer-vos que este post não me saiu grande coisa.
Mas, apesar de tudo, já tenho visto por aqui muito pior.
Para vosso descanso, já tenho um outro escrito (é preciso aproveitar o fim de semana, pois nos outros dias há o trabalhinho), que me agrada muito mais, mas que só verá a luz do dia lá para 3ª ou 4ª feira.
Acalmem-se, portanto, os desiludidos.
Pois, a língua inglesa é simples but not that simple. E por falar nas outras, há anos que não como língua de vaca. Com puré e muiiiiito molho :))Beijocas e boa semana!
António
As tuas "histórias" tem sempre um quê! e a maneira como as envolves é sempre com grande sabedoria.
Francês é a minha "lingua" que eu adoro!
(Estou plenamente de acordo com a "Caiê")
Ma il romantismo e nella lingua italiana senza romantica di dubbi il
mondo.
Beijocas
Também me aconteceu uma semelhante com a língua inglesa, mas não posso precisar agora! :)
G-Day mate, diak kalae... fantastico..abraço
Outra boa história! - Pessoalmente não gosto de Ingleses, nem da dita língua. - Pobre Victor!!!
Gosto da forma e conteúdo das histórias que o amigo António por aqui nos vai deixando para nosso deleite. Ainda diz que este não saíu muito bem?
Abraços
G-day mate... é uma expressão Australiana... de bom dia... é o ex-libris deles
e diak kalae é bom dia em tetun...
abraço
O Carlos tem razão! eh ehehe
E deve ter passado por algumas situações embaraçosas,enquanto não aplicava a palavra certa. Beijos e continuação de boa semana :-)
LOL...coitado do Vítor...
Eu gosto de Inglês...falo um nadinha e entendo relativamente bem-
Beijos quentes,
BShell
Olha lá, neste post tavas sempre a fugir ao assunto. Sempre a querer descarrilar. Que se passou?
Quantas historias querias contar afinal?
Sim claro, eu entendi. Foi em jeito de brincadeira...desculpa!
Se assim n fosse, todas as tuas historias seriam contadas em 5 linhas, e eu n viria ca mais, porque n eram contos, era debitar memórias...certo?
;)
É sempre bom passar por cá e ler-te
porque colocas uma pitada de humor em tudo que escreves sem beliscar a "história". Beijinhos
Continuas a ser o nosso contador de "histórias" predilecto, por isso
sempre vimos espreitar...
Beijinhos
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