Diálogos de gente (V) (Emotivo)
Nuno conduzia o seu Ford Focus cinza metalizado por uma velha estrada na direcção do mar.
O tempo era estival e o ar condicionado provava ser um acessório importante.
A seu lado seguia a namorada, Diana.
- Oh Di! Queres ir mesmo para a praia ou vamos antes dar uma volta a pé pela marginal e depois sentar e tomar qualquer coisa numa esplanada? – perguntou o jovem.
- Por mim ía para a areia. Aproveitava e bronzeava-me mais um pouco. E mais tarde podemos tomar um banho no mar – respondeu a moça.
- Pronto, minha querida! Seja feita a tua vontade. Ámen! – brincou ele.
E continuou a conduzir a baixa velocidade enquanto conversava com a companheira. Não viviam juntos, mas várias vezes tinham abordado o assunto e, mais cedo ou mais tarde, tomariam uma decisão nesse sentido.
A certa altura, a jovem apercebeu-se de que um ciclista que seguia junto da berma da estrada deu uma guinada para dentro da mesma. Assustou-se e, instintivamente, gritou:
- Cuidado! Olha o ciclista!
O condutor, um sujeito emotivo, comportou-se como tal.
- Porra, Diana! Cala-te! Eu sei muito bem o que estou a fazer! Já tenho carta há mais tempo do que tu e não sou um nabo a conduzir. Faço-o melhor a dormir do que tu acordada! – berrou.
A rapariga, já habituada a estas explosões do rapaz, preferiu não responder para ver se ele se acalmava.
Mas o Nuno ainda não tinha desabafado completamente:
- Com o teu grito é que podias provocar um acidente. Já sabes que não quero que interfiras com a minha condução. Se não gostas, para a próxima eu venho sozinho e tu trazes o teu carro ou vens a pé ou de autocarro. Comigo é que não vens. Raios te partam!
E bufou, como que mais aliviado.
- Se este tipo continua a reagir assim, mando-o à merda! Tenho de pensar bem se me vou unir a ele. Ao fim e ao cabo há muitos homens e como eu até sou bem jeitosa, não faltará quem goste de mim – pensou a Diana.
Depois de mais uma cena, o moço calou-se e não abriu a boca até chegarem à praia. Ela fez o mesmo.
Estacionou a viatura, e saiu. Ela permaneceu lá dentro. Ele deu a volta e foi-lhe abrir a porta.
- Então, Diana? Desculpa lá o meu descontrole, mas tu já sabes como sou. Vamos então até lá baixo, para a areia? – disse ele com os melhores modos do mundo.
Já lhe tinha passado o acesso de fúria e estava calmo como se nada tivesse ocorrido.
Ela já sabia que isto iria acontecer. Era habitual nele.
Embora ainda magoada, saiu e dirigiu-se para a mala do carro donde retiraram os atavios que acharam mais convenientes.
A tarde decorreu com toda a normalidade. Conversaram calmamente sobre vários assuntos, banharam-se e no final de uma tarde bem passada regressaram ao carro.
Ele conduziu-a a casa.
Depois de se beijarem e já com a porta do seu lado aberta, a Diana disse:
- Oh Nuno! Depois temos de falar sobre o teu comportamento desta tarde, no carro.
- Ora! Deixa-te disso! Já sabes que eu sou assim. É superior às minhas forças, mas passa-me depressa. Já nem sei porque me exaltei tanto.
E era verdade!
Os indivíduos primários são assim: as impressões limitam o seu efeito a um curto intervalo de tempo.
- Mas então tens de ir a um médico que te dê uma porcaria qualquer para não explodires tanto e tantas vezes. Um dia há uma explosão atómica e morre tudo – alvitrou a moça.
- Está bem! Está bem! Qualquer dia vou ao médico. Mas isto não se resolverá com umas mezinhas? – retorquiu ele.
E riram-se ambos.
O tempo era estival e o ar condicionado provava ser um acessório importante.
A seu lado seguia a namorada, Diana.
- Oh Di! Queres ir mesmo para a praia ou vamos antes dar uma volta a pé pela marginal e depois sentar e tomar qualquer coisa numa esplanada? – perguntou o jovem.
- Por mim ía para a areia. Aproveitava e bronzeava-me mais um pouco. E mais tarde podemos tomar um banho no mar – respondeu a moça.
- Pronto, minha querida! Seja feita a tua vontade. Ámen! – brincou ele.
E continuou a conduzir a baixa velocidade enquanto conversava com a companheira. Não viviam juntos, mas várias vezes tinham abordado o assunto e, mais cedo ou mais tarde, tomariam uma decisão nesse sentido.
A certa altura, a jovem apercebeu-se de que um ciclista que seguia junto da berma da estrada deu uma guinada para dentro da mesma. Assustou-se e, instintivamente, gritou:
- Cuidado! Olha o ciclista!
O condutor, um sujeito emotivo, comportou-se como tal.
- Porra, Diana! Cala-te! Eu sei muito bem o que estou a fazer! Já tenho carta há mais tempo do que tu e não sou um nabo a conduzir. Faço-o melhor a dormir do que tu acordada! – berrou.
A rapariga, já habituada a estas explosões do rapaz, preferiu não responder para ver se ele se acalmava.
Mas o Nuno ainda não tinha desabafado completamente:
- Com o teu grito é que podias provocar um acidente. Já sabes que não quero que interfiras com a minha condução. Se não gostas, para a próxima eu venho sozinho e tu trazes o teu carro ou vens a pé ou de autocarro. Comigo é que não vens. Raios te partam!
E bufou, como que mais aliviado.
- Se este tipo continua a reagir assim, mando-o à merda! Tenho de pensar bem se me vou unir a ele. Ao fim e ao cabo há muitos homens e como eu até sou bem jeitosa, não faltará quem goste de mim – pensou a Diana.
Depois de mais uma cena, o moço calou-se e não abriu a boca até chegarem à praia. Ela fez o mesmo.
Estacionou a viatura, e saiu. Ela permaneceu lá dentro. Ele deu a volta e foi-lhe abrir a porta.
- Então, Diana? Desculpa lá o meu descontrole, mas tu já sabes como sou. Vamos então até lá baixo, para a areia? – disse ele com os melhores modos do mundo.
Já lhe tinha passado o acesso de fúria e estava calmo como se nada tivesse ocorrido.
Ela já sabia que isto iria acontecer. Era habitual nele.
Embora ainda magoada, saiu e dirigiu-se para a mala do carro donde retiraram os atavios que acharam mais convenientes.
A tarde decorreu com toda a normalidade. Conversaram calmamente sobre vários assuntos, banharam-se e no final de uma tarde bem passada regressaram ao carro.
Ele conduziu-a a casa.
Depois de se beijarem e já com a porta do seu lado aberta, a Diana disse:
- Oh Nuno! Depois temos de falar sobre o teu comportamento desta tarde, no carro.
- Ora! Deixa-te disso! Já sabes que eu sou assim. É superior às minhas forças, mas passa-me depressa. Já nem sei porque me exaltei tanto.
E era verdade!
Os indivíduos primários são assim: as impressões limitam o seu efeito a um curto intervalo de tempo.
- Mas então tens de ir a um médico que te dê uma porcaria qualquer para não explodires tanto e tantas vezes. Um dia há uma explosão atómica e morre tudo – alvitrou a moça.
- Está bem! Está bem! Qualquer dia vou ao médico. Mas isto não se resolverá com umas mezinhas? – retorquiu ele.
E riram-se ambos.
35 Comments:
e foram felizes por 2 meses de casamento........?
Tschhhhhhh!
Bem explicitadas, as confusões iniciais do "ele/ela ainda muda!"
Happy divorce, então......!
Beijo
Para "ana seixas gomes":
Obrigado pelo comentário.
Procurei caracterizar fundamentalmente um emotivo e primário (colérico se for activo, nervoso se for não-activo - isto segundo a velha classificação de Heymans que eu acho muito gira).
O resto veio por acréscimo.
Mas a tua leitura da relação é interessante e optimista...eh eh
Beijinhos
Bem explorado o lado emocional dos personagens....e tão normal na vida real!
Gostei.
Beijinho
A assertividade é uma competencia que se treina e que tem a ver com a adequação da qualidade e intensidade da resposta ao estimulo que a provoca. O Nuno precisa de ir aos treinos!
Beijinhos
Ana Joana
Para "ana joana":
Não percebi nada do que escreveste.
Beijinhos
Como eu gostei desta história!
Tão comum dos casais (portugueses!)
É uma questão de ela se habituar, ele deita tudo cá para fora, segundos depois passa-lhe! O melhor que a Diana tem a fazer, é deixa-lo resmungar! Os piores são os que amuam!Que fúria!
Neste caso penso que o Nuno teve razão!
As tuas descrições são fabulosas!
Com diálogos rápidos!
Imagino, consigo mesmo ver, a situação e os personagens.
Magnifico!
Bjs,
GR
Pois é, no princípio resulta, mas ao fim de uns meses acaba, porque não há paciência que ature estes ataques de impulsividade e falta de educação. beijos
Bem caracterizado de facto, esse tipo de comportamento! Há quem reaja assim às vezes, há quem reaja assim, frequentemente. Ou se atura ou não se atura. Gostei. Beijinhos para ti.
Para "GR":
Obrigado pelo teu comentário.
Penso que este tipo de pessoas muito emotivas é bastante vulgar.
Quando são primárias, rapidamente esquecem a situação explosiva. Quando são secundárias, ficam a remoer durante demasiado tempo.
Acho que é pior!
Beijinhos
António, desculpa vir aqui, mas o gmail hoje não funciona e estou chateada. o comentário que fizeste no meu post é do mais machista que há. O que é portuguesas primárias e emotivas? Estás a chamar as mulheres de burras? Eu sou emotiva e não me considero burra! Haverá alguém que não seja emotivo? Pode é controlar e se mais controla mais inteligente é e não primária! pensa bem antes de escreveres, António! beijos
Wind:
Vou reproduzir aqui o comentário que lá te deixei, na parte que interessa.
"Obrigado pela visita.
Os emotivos (e a maioria dos portugueses e latinos são emotivos)
podem manter relações longas. Nomeadamente com parceiras não emotivas e primárias.!
E agora o comentário que deixei no WebClub:
Oh Isabelinha!
Tu és mesmo emotiva...ah ah
Eu gosto muito de analisar as pessoas segundo a classificação de Heymans, que provavelmente, já está um pouco desactualizada.
Essa classificação tem a ver com temperamento, caracter e personalidade e rigorosamente nada com a inteligência:
Características básicas:
Emotivos e não-emotivos
Activos e não-activos
Primários e secundários.
Da combinação destas 6 características 3 a 3, resultam os 8 tipos caracterológicos de Heymans:
Nervoso
Sentimental
Colérico
Apaixonado
Sanguíneo
Fleumático
Amorfo
Apático
(por exemplo, o colérico é emotivo, activo e primário)
Obviamente que esta classificação se aplica às pessoas adultas, independentemente do sexo.
Se quiseres, mando-te mais detalhes sobre tudo isto, embora me vá dar um certo trabalho.
Mas espero que agora fiques mais esclarecida.
Beijinhos
Depois de ler isto, fiquei com uma dúvida: serei primária?! Sou do tipo: dá-me com força, mas passa depressa... essas explosões são, porém muito espaçadas no tempo e, normalmente, resultam dum pormenor com pouca importância, mas que acaba por ser a desculpa para deitar tudo para fora! Reparos à condução são paradigmáticos nestes casos... ;)
bjs
Ai António oque tu foste arranjar. gargalhadas:))) beijos
Já que estou com a mão na massa, aqui vão mais umas achegas a esta classificação de Heymans:
Primários são indivíduos a quem as impressões limitam o seu efeito a um período curto (ao contrário dos secundários).
Emotivos são aqueles sobre os quais os acontecimentos produzem abalos intensos (ao contrário dos não-emotivos).
Activos (agora usa-se dizer pro-activos) agem, não sob pressão dos acontecimentos mas por efeito de uma disposição interior.
Se conjugarem isto com o que escrevi atrás, talvez as coisas se tornem mais claras.
Atenção que isto é tudo muito simplificado e vale o que vale.
E para ficar ainda mais completo:
Nervoso (E - nA - P)
Sentimental (E - nA - S)
Colérico (E - A - P)
Apaixonado (E - A - S)
Sanguíneo (nE - A - P)
Fleumático (nE - A - S)
Amorfo (nE - nA - P)
Apático (nE - nA - S)
Chega assim ou querem com mais molho?
Complicadas essas explosões...
Beijos.
Melhor é meter os putos na barraca, António! Mais tarde ou mais cedo, isto vai dar porrada! Eh!Eh!
Deixo-te um beijo, Amigo.
Agora vou procurar o Sr Heymans para trocar uns repetidos
Não há médicos ou mézinhas que lhe valham... a falta de chá em pequenino não tem cura...(lol) O emotivo activo primário está bem caracterizado António. Beijo
Ao ler as tuas explicações, fiquei completamente deliciada!! Lembrei-me de repente que estudei isso em Psicologia em 1970!! Não era naquele livro grosso,castanho do Bonifácio?!! Bestial. Adorei. Beijinhos, olha o que eu já me tinha esquecido!
Ó António, isto é que vai uma açorda!!! Muitas pessoas reagem assim e não é nada do outro mundo. Basta que se conheçam um ao outro e que haja uma boa margem de desculpa. Costuma dizer-se que "cão que ladra não morde" e é bem melhor assim do que amuar por tempo indefinido! Olha que eu, às vezes, sou assim... Dá forte mas passa depressa!
Bjs.
E lembro-me que na altura cheguei à brilhante conclusão que era E-A-P.
Paulinha!
Vou-te responder aqui para variar.
Havia o Bonifácio.
Mas eu estudei pelo Saraiva.
E este paleio que para aqui debitei com ares de grande psicólogo fui buscá-lo ao livro.
(há alguns livros que estão sempre perto de mim...eh eh)
Eu não sei bem se sou
E - A - P ------- Colérico
ou
E - nA - P ------ Nervoso
Devo estar pelo meio!
Beijinhos
Eu sou nervosa! Assumo.lololl. beijos
Pois. Eu lembro-me desse do Bonifácio. Como és mais velho...eheheh estudaste noutro! Beijinhos, chama-se a isto um blog em ebulição??!!
Muito bom. Sabes que eu tenho um Ford Focus cinzento metalizado???
Deixo um pedaço de céu
AZUL-ESCURO-LÁGRIMA-
MAR
BLUESHELL«~«~«~«~«
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~»~»~»~»~»~»~»~«~«~«
Gostei da história e também acho que, infelizmente, é real demais... acho também (já estou a achar muito!) que devíamos tentar controlar estas emoções e não nos desculparmos no "Sabes que sou assim.. passa depressa"...
ás vezes não passa...
bom fim-de-semana...
Prefiro as pessoas que explodem rapidamente e que depois lhes passa do que as que amuam semanas até nós já nem nos lembrarmos porque nos zangamos...
No entanto, confesso que as explosões MUITO fortes podem assustar. A violência assusta, por exemplo.
As palavras que deixaste no Blue "tocaram-me " profundamente. Obrigada,
Um FDS pleno de cores em azuis-mar
BShell^^^***^^^***^^^***^^^^***
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temos de novo "Diálogos de gente"
e como sempre muito bem descritos, onde se consegue viajar no que escreves, sem nos perdermos e acompanhar todos os momento devido à excelente forma da tua escrita
e com as tuas explicações fizeste-me viajar dentro da psicologia e relembrar muito do que li, mas que estava guardado numa das “gavetas” da minha memória, lembro-me de ser muito (E - nA - S), ainda hoje sou um pouco assim embora talvez gostasse mais de ser (E - A - S) e diziam as “más” línguas que eu era assim
do que li, detesto pessoas que anuem, mas gosto de emoções, detesto que me falem alto, não sei se esta relação será a mais saudável, mas cada um tem a sua maneira de agir diferentes e até se podem “moldar” quem sabe
eu acho que saía do carro, naquele momento, embora pudesse vir a arrepender-me
beijinhos para ti meu querido amigo. Adoro estes “Diálogos”
lena
tarda nada tem o olho negro e medo de ir à APAV, puta que os pariu!
António sou péssima a avaliar-me, o que referi foi no tempo em que estudava psicologia e que "brincávamos" com a avaliação, acabando por descordar uns dos outros, sim eu dizia que a minha avaliação era de "sentimental" e achavam que eu era mais "apaixonada"
frisei que as más línguas achavam, hoje não sabia avaliar-me assim
sei que continuo sensível a muita coisa, a muitos momentos, que o q.e. algumas vezes é elevado e tenho tentado travar, pois no gerar sou líder, o que nem sempre é bem visto
sobre o que escrevi, acredita que quando o fiz me lembrei de ti, não é fácil, tens razão, está cheio de metáforas e de imagens que só quem me conhece e bem sabe onde quero chegar,
mas tudo isso tem um grau de psicanálise, e quem sabe se não o consegues fazer
não é um poema, mas mais um dos meus textos "poéticos" como são quase todos, é assim que chamo ao que escrevo, porque nunca olhei para eles como poesia
beijinhos para ti meu amigo, obrigada pela tua avaliação, que não sei se será essa, acho que ainda vou fazer o teste a sério, eh eh eh,
lena
bem real o texto.... gostei de ler.te
jocas maradas
um feitio explosivo desses não se trata com comprimidos! ou o psicologo ajuda e a pessoa se ajuda a ela mesma ou nunca passará.
ola antonio. por acaso nao tinha lido este episodio que está mesmo muito bom. revelas um conhecimento das pessoas e da vida que me faz inveja.
abraço da leonoreta
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