Eu sou louco!

Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças! (este blog está registado sob o nº 7675/2005 na IGAC - Inspecção Geral das Actividades Culturais)

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sábado, junho 11, 2005

Em Paris

Paris!
Cidade mítica!
Desde criança que a capital francesa era o local mais apetecido para um dia visitar.
Não me perguntem porquê. Provavelmente porque desde sempre ouvi e li coisas lindas sobre a cidade Luz. Talvez por lhe chamarem cidade Luz.
E o dia de visitar Paris começou a desenhar-se quando integrei a Comissão Organizadora da viagem de curso.
Não foi inocente a minha opção de participar nessa comissão.
Havia alguns sítios que muito gostava de conhecer e, ao ter capacidade de intervir na escolha do itinerário…estão a perceber, não estão?
E um desses locais era, obviamente, a mundana cidade centro da Europa.

Foi assim que, a vinte e nove de Março de 1973, a camioneta com os 34 viajantes deixou Bruxelas e se dirigiu a Paris.
Ficamos instalados em dois hotéis, pois não tínhamos encontrado um que, por si só, tivesse vagas para todos. Eu e um grupo mais pequeno, fomos alojados no Hotel Peiffer, na rua de l´Arcade, pertinho da Madeleine.
O Jacinto (lembram-se da aventura na “zona” de Amsterdam?), ainda hoje grande amigo, já o era na altura. E, muitas vezes, os dois fugíamos aos outros para procurar descobrir esse mundo novo que era a Europa desenvolvida, da liberdade e da democracia, mais à vontade. Quando anda muita gente junta, acaba por se perder mais tempo. Uns querem isto, outros aquilo. Não acham que é assim? E um dia e duas noites em Paris não dão para desperdiçar um minuto que seja.
Pois foi com ele que partilhei o hotel e toda a aventura parisiense.
Na primeira noite fomos passear a pé pela cidade. O Arco do Triunfo, Campos Elíseos, Pigalle. Enfim! A noite parisiense na rua.
Chegados ao hotel, e perante um mapa da cidade e outro do metro, planeamos com todo o rigor possível o que faríamos no dia seguinte.
Bem cedo, descemos para o pequeno-almoço.
Fomos servidos à mesa por uma bela empregada a quem lançamos uns piropos no melhor francês que conseguimos esgalhar.
E como a mocinha não falava português, fizemos alguns comentários (usando mesmo o vernáculo à moda do Porto) a zonas da sua anatomia que nos chamaram a atenção de forma mais destacada.
Refeição acabada, toca a pegar nas coisas e pés a caminho para a estação do metro.
Já na rua, ouvimos uma voz de mulher a chamar. Instintivamente, olhamos para trás. Era a empregada que nos servira no hotel e que, em bom português, disse:
- Acho que esta máquina fotográfica é de um dos senhores!
Ficamos positivamente petrificados. Afinal, a bela francesa era...uma emigrante portuguesa.
Mas, rapidamente refeitos do impacto daquela verdadeira traulitada na cachola, foi o Jacinto quem retorquiu:
- É minha! Muito obrigado!
E a visita ao Paris diurno começou.
Madeleine, Notre Dâme, Louvre, Torre Eiffel, Inválidos, Túmulo de Napoleão, Opera, Saint Germain e mais uns quantos locais que não relembro de momento.
Mas uma das coisas fascinantes em Paris é que em cada rua, em cada praça, ao dobrar de cada esquina, lá está um monumento, dos mais conhecidos ou dos outros que não sendo tão famosos são igualmente belos.
Devo dizer que uma das obras que mais me impressionou, pois nunca a vira em fotografia, foi o túmulo de Napoleão. Essa famosa personagem histórica dissera, em vida, que as pessoas se curvariam perante ele mesmo depois da sua morte. E, de facto, o mausoléu fica num piso inferior ao da entrada, existindo uma abertura circular com um murete e a primeira coisa que as pessoas, normalmente, fazem é ir junto dessa varanda e inclinar-se para ver cá em baixo o túmulo do imperador.
Também quero referir que fomos ao famoso e velhinho mercado Les Halles. Já estava tudo vazio, inclusive as tabernas da sua vizinhança onde, por certo, muitas canções teriam sido cantadas com o acompanhamento do imprescindível acordeão. Estava tudo deserto pois iria ser demolido, em breve. No seu lugar está hoje o Centro Pompidou (espero não estar a dizer asneira).
A certa altura, penso que exactamente nessa zona, dirigimo-nos a um sujeito de meia-idade para lhe pedir uma qualquer indicação acerca de um local que pretendíamos ver. Prontificou-se logo a levar-nos ao tal lugar, que era bem pertinho, aliás. Quis saber de onde éramos.
- Nous sommes portugais! – disse eu.
- Também eu! – retorquiu o homenzinho.
Tinha de ser. Quem, senão um português, poderia ter toda aquela hospitalidade?
E estivemos a conversar um pouco com o emigrante que estava radiante por nos ter encontrado.
E assim passamos o dia.
Regressados ao hotel, depois de ter comido qualquer coisa rapidinha (naquele tempo ainda não havia “fast food” mas, umas sandes e uma cervejinha, pouco demoraram), preparamo-nos para o “Paris by night”. Mas onde haveríamos de ir?
Perguntamos à recepcionista, uma jovem francesa (esta era mesmo…) muito bem arranjada e maquilhada, aonde nos aconselhava ir: Lido, Folies Bergères, Molin Rouge…
Respondeu com o seu sotaque parisiense (eu quasi morro quando ouço uma mulher a falar com aquela entoação; até fico a tremer de excitação, confesso) não sem antes nos mirar dos pés à cabeça:
- Pour vous…je vous conseille le Crazy Horse.
Nunca tínhamos ouvido falar de tal cabaret. Mas a rapariga devia saber do assunto e, depois de tomarmos a decisão, explicou-nos como se ia para lá.
E fomos ao Crazy Horse Saloon de Paris (fundado pelo Sr. Alain Bernardin que dirigia a casa com mão de ferro; faleceu há poucos anos). Ficava, e penso que ainda é no mesmo local, na zona dos Campos Elíseos, rua George V.
Ocupamos a nossa mesa. A sala era pequena e estava cheia. Predominavam os italianos, sendo a maioria casais. Pedimos uma cerveja que foi servida num copo enorme.
E o espectáculo começou.
Foram duas horas de um show erótico de elevado profissionalismo e com as mulheres com os corpos mais esculturais que já admirei. Só visto! Não sei descrever quão fabulosamente bem modelados e flexíveis e sensuais eram. Acho que durante algum tempo acreditei que Deus existia. Só uma divindade poderia fazer coisas tão belas!
Mais tarde, pela passagem de ano, e várias vezes, vi reportagens na RTP sobre a noite de Paris e lá vinha sempre em destaque o Crazy Horse. Algumas delas eram mesmo só sobre este cabaret. Tenho tudo gravado em cassete de vídeo. Como se costuma dizer: cada tolo com a sua mania!
No dia seguinte, quando fazíamos a viagem para Bordéus, conversando e comparando experiências com outros colegas que tinham ido a outros cabarets, eu e o Jacinto concordamos que em boa hora tínhamos pedido o conselho à recepcionista parisiense.

Nunca mais voltei a Paris!
Costuma-se dizer, para realçar a beleza da cidade italiana dos canais:
“Ir a Veneza…e morrer!”.
Eu digo:
“Ir outra vez a Paris…e morrer!".

21 Comments:

Blogger António said...

Peço à pessoas que lerem este, e outros posts, o favor de me indicarem erros dactilográficos, ortográficos ou de sintaxe.
E que não se coíbam de fazer críticas negativas.
Só assim eu posso melhorar.
Obrigado e bem hajam!

2:31 da tarde  
Blogger Mitsou said...

Adorei, claro. Também tenho saudades de Paris, que visitei várias vezes em finais dos anos 70...E também conheço histórias dessas :) Há uma, em particular, que talvez me decida a contar no blog; a ver vamos.
(P.S. Não, não vou corrigir nenhum erro ortográfico ou coisa assim. O que eu reparei é que o texto sai "comido" do lado direito; em certas frases dá para subentender o que lá está mas noutras torna-se mais difícil. Não sei se o problema será apenas do meu nonitor...mas achei melhor referi-lo).
Um grande beijinho e resto de bom fim de semana.

8:53 da tarde  
Blogger Mitsou said...

Retiro o que disse no P.S. :) Agora, depois de publicar o comentário, o teu texto "aparece-me" inteirinho. Ele há coisas...!

8:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não me permito, lendo sobre s "Cidade Luz" perder tempo com erros datilográficos. Me preocupo, isto sim , em observar o ponto de vista, as sensações de quem viu o que vi e sentiu o que senti.Beijos
Maria Inês

9:25 da tarde  
Blogger António said...

Olá, Maria Inês!
É um prazer ter o teu comentário aqui nesta toquinha.
Jinhos

9:40 da tarde  
Blogger António said...

Cokas e Mitsou:
Fico a aguardar as histórias.
Jinhos

9:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Excelente!
;)

E deixa que te diga: tu eras fresco, eras...

3:26 da manhã  
Blogger Menina Marota said...

Ao ler o teu texto, relembrei a minha 1ª. viagem a Paris e arredores. Com os meus Pais. Voltei lá mais vezes, mas nunca teve o impacto da primeira visita.
Sobre o comentário que deixaste no meu Blog, a data refere-se ao espectáculo no Rosa Mota, que será precisamente no dia dos meus anos...eheh

Quanto a erros... não vi nenhum...se um dia vir por aí algum, mando-te um e-mail...

Obrigada pela partilha e bom domingo. ;)

9:09 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Então "barracas"?imagino!!!mas as outras as que não contaste,ah!só foram estas,pronto ,desculpa...!
Tu és um contador de estórias fabuloso(eu,para além das tuas amigas de blogs vizinhos também escrevo estórias,ok?e não me conheces mas sou eu,alguém que te lê e gosta e...não falo francês com sotaque parisiense...mas podes implicar,estás no teu blog!!)e,achei piada á forma como vês os sítios que visitas...gosto de viajar com gente assim!(não é um convite,apenas e só uma constatação,gostosa!)
Então perdes-te com as francesas?claro com os franceses nem por isso,muito bem...bom gosto,hem!!!também se percebe,daqui,claro do lado de quem lê...deves ser...sim,bom observador,claro,nem eu arriscava daqui outro adjectivo,por quem és!!!
Já fui algumas vezes a Paris,não gosto dos franceses(nem com sotaque parisiense!)mas gosto da cidade,gosto descobrir aquela cidade,acho piada á vida nocturna,para além de Barcelona é a cidade onde me seduz,de vez em quando, andar á noite,entre as gentes...o mundo acontece ali!
Volto sempe á Paris e ,hoje quase fui lá ao ler-te.
Adorei
Apesar de não te conhecer,fica um beijinho grande,és um português interessante...por isso é que a outra te sugeriu ires aonde?...qual foi?...Ah!ah!
maria

9:56 da manhã  
Blogger Nora Borges said...

Antônio, ir de novo a Paris e viver para ir de novo a Veneza... e Florença, e Praga... e viver e viver!
Você tem razão, Paris é inesquecível!
Quanto ao meu relato, no Língua de Mariposa,não há romance. Foi aquilo mesmo e ainda mais...
Espero poder continuá-lo.
Um beijo

11:29 da manhã  
Blogger António said...

Para maria:
Gostei do teu comentário.
Mas gostaria mais se dissesses quem és.
E me deixasses visitar o teu blog.
Tens vontade de o fazer?
Tens coragem para isso?
Se calhar, não...que pena!
Jinhos

12:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bem...antes que... os erros,digo eu! à forma ...à vida e...sempre a Paris...
Estou em nítida "luta " com os acentos...ou com um problema na mão esquerda?!!...entre o médico e a gramática vou resolver isto.
Desculpa ,beijinho
maria

12:28 da tarde  
Blogger António said...

Maria, a provocadora!
Gosto do epíteto!
Com acento direito ou com acento torto.
Jinhos

12:36 da tarde  
Blogger BlueShell said...

este homem...este homem....

Tudo de bom, BShell

1:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Amigo António!
Eu AMEI Paris!
Foi a única viagem que fiz com a família, fizemos até a passagem de ano, ficámos em Montmartre (como sabes, o poiso dos artistas de rua) e corremos tudo o que havia para correr. Tenho amigos que moram em França, e o meu avô estudou em Paris ( o outro avô é francês ), pelo que se nunca tivesse ido, teria um grande desgosto...
Agora, tenho forçosamente de ir à Bretanha, porque é outra zona em França de referência para mim.

Adorei ler-te. Imagino o que terás andado a fazer na Pigalle... è preciso cuidado com o que dizemos, porque Paris está repleto de emigrantes portugueses.Ui!!! Um em cada esquina! ***

3:00 da tarde  
Blogger Leonor said...

no mais ou menos toque a brincar, no mais ou menos toque a sério, a nostalgia de um tempo fabuloso.
abraço da leonor

6:04 da tarde  
Blogger Isabel Filipe said...

Paris deve ser uma cidade mística...nunca lá fui...
mas, com esta descrição... consegui imaginar...

Gostei de aqui vir.
Bjs

7:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Venho aqui esclarecer que NÃO estou grávida!

eheheh!

Gosto muito de bebés, mas não tenho estabilidade económica para os ter... ainda.
Beijinhos! :)

11:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ir a Paris..e viver!:)**
Fernanda G

1:42 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

por favor Antonio não vás a Paris, és preciso que vivas para continuares a contar-nos a tuas historias.
adorei este texto, adorei e vou lê-lo outra vez. obrigado
ana Mª costa

3:41 da tarde  
Blogger nelsonmateus said...

a k ter cuidado com os piropos ... sobretudo em frança. nem tudo o k fala francês .. é francês! eh! eh! eh

devias pensar em voltar até paris ... ficarias surpreendido em ver k muita coisa mudou e outras nem por isso.

11:18 da manhã  

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