Uma família burguesa - parte XIII
- Entra, Ana! – convidou a irmã – Então que aconteceu para apareceres por aqui?
- Lembrei-me de cá vir pois é pouco habitual entrar na vossa casa. Resolvi dar um passeio até à beira mar e fazer-vos uma visita rápida – respondeu a Ana Maria.
- E fizeste muito bem! – ouviu-se a bela voz de Manuel António – Podes aparecer quando quiseres que és sempre bem-vinda. Vamos sentar ali na sala.
- Olá, Manel! – cumprimentou a cunhada dando-lhe dois beijos na face.
- Estás muito jeitosa! – e olhando para a mulher, continuou – Não está, Joana?
- Ela sempre foi jeitosa – disse a irmã mais nova.
- E então quando é que nos dás a satisfação de arranjares um tipo fixe com quem te arrumes outra vez? Nem todos são como o Francisco. E estás em boa idade de dar uma irmãzinha ou um mano à Cláudia – falou o Manel.
- Pois é! Vens dizer-nos que tens novidades do coração? – perguntou a Joana.
- Não! Nada disso! Há muitos pretendentes, de facto, mas os melhores que conheço já estão comprometidos. E não me vou casar só por casar. Eu sei que estava em boa idade para ter o segundo filho, mas enfim...pode ser que aconteça um milagre! – respondeu a Ana Maria.
- Não esperas ser fecundada pelo Espírito Santo, pois não? – disse a Joana.
- Tomara ela! Tomara ela! Estou a falar do banqueiro, claro! – gracejou, o Manel.
- Há outros que me interessavam muito mais para pai de um filho meu – disse, com um sorriso enigmático e não descritível, a Ana.
- Humm...Parece que já tens feita uma selecção. Isso já é alguma coisa! – exclamou, cheia de curiosidade, a mana – E não queres mostrar-nos a lista para nós darmos um parecer? Ou não há ninguém conhecido?
- Isso querias tu saber! Mas não há lista nenhuma – ripostou a Aninhas.
- Mas não deixa de ser verdade que a tua conversa me permite adivinhar que estás mais voltada para mudar de vida e mesmo encarar uma nova maternidade do que há uns tempos atrás. Estás a ficar mais madura, sentes isso? – falou o Manuel António.
- Sinto que estou a mudar! E o desejo de uma nova maternidade começa a ser muito forte – confessou a mãe de Cláudia.
E continuou:
- E vocês? Vão continuar assim ou decidir pela adopção?
- Ainda não decidimos! – disse secamente a Joana, deixando perceber que o assunto não lhe agradava.
- Bom! Se não quiserem falar nisso...tudo bem! É um assunto que só a vós diz respeito. Mas, se me permitem uma opinião, eu não sou favorável à adopção. Tem demasiados riscos...
- Eu também acho isso, mas falemos dos teus favoritos, que é assunto muito mais interessante e permite umas fofocas – interveio o professor universitário para alterar o rumo da conversa.
- Não há muito mais a dizer! Já disse que os tipos mais interessantes que conheço estão comprometidos – repetiu a Ana.
- Isso já sabemos! Mas quem são? – perguntou o cunhado com uma curiosidade que não lhe era muito habitual nestes temas.
- Sendo comprometidos nunca poderia revelar! Mesmo sabendo que vocês são como cofres fortes quanto a guardar segredos! – e riu-se a Ana.
- E tu também! – disse a irmã.
E a conversa derivou para outros temas em que a capacidade de argumentação e de encantamento do Manel pontificou.
Era perto da meia-noite quando se despediram e Ana regressou a casa.
Chegou lá pensativa.
- Ana!
Ouviu a voz da mãe.
- A Joana telefonou-me a dizer que foste lá a casa. Por favor deixa-os em paz. Não tentes estragar o casamento, minha filha! Peço-to por tudo!
- Mas quem lhe disse que eu quero estragar o casamento da Joana, mãe! Isso nem me passa pela cabeça! Quando muito poderia querer ajudar...
Esta resposta da filha deixou a Lena um pouco mais sossegada mas com uma grande dúvida: como é que ela quereria ajudar?
Durante a semana seguinte, Ana fez mais uma visita a casa da irmã mais nova.
Até que, num dia de finais de Setembro, telefonou ao cunhado e disse-lhe:
- Manel! Eu queria falar contigo sobre um assunto muito sério. Mas só contigo mesmo. A Joana não pode saber, pelo menos para já – disse a Ana Maria.
- Mas não podes dizer qual o assunto? – perguntou, intrigado, o cunhado.
- Agora não! Só quando estivermos os dois num local em que ninguém nos oiça.
- Estás a deixar-me sobre brasas – confessou o homem.
- Então quanto mais cedo melhor! – aproveitou ela.
E combinaram encontrar-se passados dois dias, depois de almoço, no Passeio Alegre, junto do local onde as águas do Douro tentam vencer as do mar.
Ela meteu dispensa, ele estava com a tarde razoavelmente disponível e, muito importante, Joana estaria até tarde em Penafiel.
No dia aprazado, já passava das duas, Ana estacionou e esperou atenta para ver se via o Ford Focus do cunhado.
Quando o viu fez-lhe sinal para ele também arrumar o carro. Saiu do seu Clio e dirigiu-se para a viatura do Manuel António, já parada. Abriu a porta e sentou-se ao lado do condutor.
Deram dois beijos, como de costume, e ele falou primeiro:
- Então? Que há assim de tão secreto e importante para me contares?
- Manel! Eu vou falar num assunto melindroso e tenho a perfeita noção disso. Portanto, peço-te que não consideres que há qualquer má intenção na minha proposta. Pelo contrário! – começou, criando ainda mais suspense, a mulher.
- Continua! Continua! – pediu o Manuel António.
- Tu e a Joana não podem ter filhos em conjunto pela razão que conhecemos. Também sei que, embora ela tenha vontade de fazer uma adopção, tu não estás muito receptivo à ideia. Finalmente, sei que tenho vontade de ter um outro filho mas não há nenhum homem livre que me interesse para pai da criança – e fez uma pausa, a Ana.
- Perante essas premissas...continua, por favor! – insistiu ele.
- Na sequência do que te acabei de dizer, faço-te a tal proposta que pode parecer estranha mas, no fundo vem contentar todos.
E continuou:
- Eu explico: nós os dois geramos uma criança, no maior segredo.
Manuel António fez um esgar, embora discreto.
Ela continuou:
Supostamente será um filho de pai incógnito ou de um amigo com quem não quero fazer vida em comum e não será difícil que as pessoas aceitem que ele seja adoptado por ti e pela Joana.
- Agora deste-me uma pancada bem forte, Ana! – comentou o cunhado ainda não refeito da surpresa – Imaginaste um esquema um tanto maquiavélico!
- Não é maquiavélico, ora ouve com atenção: a Joana fica satisfeita porque adopta uma criança e, ainda por cima, tem o sangue dela. Tu ficas satisfeito porque vês a Joana feliz e sabes que estás a adoptar um filho teu. Eu fico satisfeita porque tenho um outro filho e, pelo menos por algum tempo, satisfaço o meu desejo de ter um bebé nos meus braços e de o amamentar. E depois posso vê-lo crescer e desenvolver-se no seio da família. Quanto aos meus pais e irmãos ficarão a pensar que eu sou uma leviana, mas como já pensam isso, não me preocupo. Claro que, se quiseres, fazes um teste de ADN para confirmar a paternidade. Mas garanto-te que há umas semanas que não tenho relações com ninguém e que durante algum tempo isso se manterá. Serei só tua! Também já fiz testes de HIV e todos aqueles que são recomendáveis para quem quer ser mãe. E a nossa relação acabará quando eu ficar grávida. Obviamente que mais ninguém poderá saber disso. Será um segredo só nosso e que devemos levar connosco para a tumba! – rematou a imaginosa Ana.
Manuel António permaneceu calado e com um ar incrédulo perante o que ía ouvindo.
- Eu diria que é um plano perfeito! – disse, finalmente, provocando o tal sorriso enigmático e não descritível na cunhada.
- Não quero que me respondas já! Quero que penses no assunto e que tomes uma decisão amadurecida. Confesso que, sendo tu uma pessoa muito inteligente, sei que vais concordar – induziu ela.
- Tenho de te dar os parabéns pelo que tu imaginaste. Ao contrário do que eu pensei logo que começaste a expor o assunto, não é uma ideia disparatada. Será talvez imoral. Mas a moral é tão elástica, não é? – comentou o homem.
- Sem dúvida! – anuiu ela, com um sorriso triunfante.
- Devo dizer-te desde já que há duas questões que me preocupam. Uma delas é apaixonarmo-nos; aliás, penso que tu tens um fraquinho por mim e eu confesso que também simpatizo contigo. A outra é tu, depois de dares à luz, não quereres abandonar a criança – objectou o professor universitário.
- Eu sei que existem esses riscos, mas está nas nossas mãos e nas nossas cabeças superarmo-nos, se necessário for, e vencermos os desejos do coração – disse convicta, a Ana.
- Pois bem! Eu vou pensar no assunto e muito brevemente te darei uma resposta. Mas confesso que me custa pensar que vou trair a Joana – disse o professor.
- Manel! Manel! Eu sei que não seria a primeira vez! Não me venhas contar histórias da carochinha. Este é um assunto muito sério e temos de o encarar como tal.
- Tens razão! Tu cada vez mais me surpreendes como uma pessoa fora de série – disse o cunhado olhando-a, enquanto ela ampliou o seu sorriso de triunfo.
- Então vou ficar à espera da tua resposta! Espero que não demore demasiado tempo. Tu sabes decidir depressa – desafiou a mulher.
- Daqui a dois ou três dias eu digo-te se sim ou se não! – prometeu ele.
- Muito bem! Espero que seja sim, para bem de todos – rematou ela abrindo a porta do carro.
- Não me dás os beijos do costume? – disse ele.
- Não! Não quero que penses que faço isto para te conquistar e roubar à minha irmã.
- Então adeus, Ana! E deixa-me felicitar-te pelo teu engenho e coragem.
Ela saiu e fechou a porta, voltando para o seu Clio estacionado perto. Trazia um sorriso vitorioso estampado no rosto. Tinha a certeza de que ele iria concordar, quanto mais não fosse porque não tinha filhos e sempre tivera vontade de os ter. E era a grande oportunidade da vida dele de satisfazer esse objectivo que ela agora lhe estava a oferecer servida numa bandeja de prata.
- Lembrei-me de cá vir pois é pouco habitual entrar na vossa casa. Resolvi dar um passeio até à beira mar e fazer-vos uma visita rápida – respondeu a Ana Maria.
- E fizeste muito bem! – ouviu-se a bela voz de Manuel António – Podes aparecer quando quiseres que és sempre bem-vinda. Vamos sentar ali na sala.
- Olá, Manel! – cumprimentou a cunhada dando-lhe dois beijos na face.
- Estás muito jeitosa! – e olhando para a mulher, continuou – Não está, Joana?
- Ela sempre foi jeitosa – disse a irmã mais nova.
- E então quando é que nos dás a satisfação de arranjares um tipo fixe com quem te arrumes outra vez? Nem todos são como o Francisco. E estás em boa idade de dar uma irmãzinha ou um mano à Cláudia – falou o Manel.
- Pois é! Vens dizer-nos que tens novidades do coração? – perguntou a Joana.
- Não! Nada disso! Há muitos pretendentes, de facto, mas os melhores que conheço já estão comprometidos. E não me vou casar só por casar. Eu sei que estava em boa idade para ter o segundo filho, mas enfim...pode ser que aconteça um milagre! – respondeu a Ana Maria.
- Não esperas ser fecundada pelo Espírito Santo, pois não? – disse a Joana.
- Tomara ela! Tomara ela! Estou a falar do banqueiro, claro! – gracejou, o Manel.
- Há outros que me interessavam muito mais para pai de um filho meu – disse, com um sorriso enigmático e não descritível, a Ana.
- Humm...Parece que já tens feita uma selecção. Isso já é alguma coisa! – exclamou, cheia de curiosidade, a mana – E não queres mostrar-nos a lista para nós darmos um parecer? Ou não há ninguém conhecido?
- Isso querias tu saber! Mas não há lista nenhuma – ripostou a Aninhas.
- Mas não deixa de ser verdade que a tua conversa me permite adivinhar que estás mais voltada para mudar de vida e mesmo encarar uma nova maternidade do que há uns tempos atrás. Estás a ficar mais madura, sentes isso? – falou o Manuel António.
- Sinto que estou a mudar! E o desejo de uma nova maternidade começa a ser muito forte – confessou a mãe de Cláudia.
E continuou:
- E vocês? Vão continuar assim ou decidir pela adopção?
- Ainda não decidimos! – disse secamente a Joana, deixando perceber que o assunto não lhe agradava.
- Bom! Se não quiserem falar nisso...tudo bem! É um assunto que só a vós diz respeito. Mas, se me permitem uma opinião, eu não sou favorável à adopção. Tem demasiados riscos...
- Eu também acho isso, mas falemos dos teus favoritos, que é assunto muito mais interessante e permite umas fofocas – interveio o professor universitário para alterar o rumo da conversa.
- Não há muito mais a dizer! Já disse que os tipos mais interessantes que conheço estão comprometidos – repetiu a Ana.
- Isso já sabemos! Mas quem são? – perguntou o cunhado com uma curiosidade que não lhe era muito habitual nestes temas.
- Sendo comprometidos nunca poderia revelar! Mesmo sabendo que vocês são como cofres fortes quanto a guardar segredos! – e riu-se a Ana.
- E tu também! – disse a irmã.
E a conversa derivou para outros temas em que a capacidade de argumentação e de encantamento do Manel pontificou.
Era perto da meia-noite quando se despediram e Ana regressou a casa.
Chegou lá pensativa.
- Ana!
Ouviu a voz da mãe.
- A Joana telefonou-me a dizer que foste lá a casa. Por favor deixa-os em paz. Não tentes estragar o casamento, minha filha! Peço-to por tudo!
- Mas quem lhe disse que eu quero estragar o casamento da Joana, mãe! Isso nem me passa pela cabeça! Quando muito poderia querer ajudar...
Esta resposta da filha deixou a Lena um pouco mais sossegada mas com uma grande dúvida: como é que ela quereria ajudar?
Durante a semana seguinte, Ana fez mais uma visita a casa da irmã mais nova.
Até que, num dia de finais de Setembro, telefonou ao cunhado e disse-lhe:
- Manel! Eu queria falar contigo sobre um assunto muito sério. Mas só contigo mesmo. A Joana não pode saber, pelo menos para já – disse a Ana Maria.
- Mas não podes dizer qual o assunto? – perguntou, intrigado, o cunhado.
- Agora não! Só quando estivermos os dois num local em que ninguém nos oiça.
- Estás a deixar-me sobre brasas – confessou o homem.
- Então quanto mais cedo melhor! – aproveitou ela.
E combinaram encontrar-se passados dois dias, depois de almoço, no Passeio Alegre, junto do local onde as águas do Douro tentam vencer as do mar.
Ela meteu dispensa, ele estava com a tarde razoavelmente disponível e, muito importante, Joana estaria até tarde em Penafiel.
No dia aprazado, já passava das duas, Ana estacionou e esperou atenta para ver se via o Ford Focus do cunhado.
Quando o viu fez-lhe sinal para ele também arrumar o carro. Saiu do seu Clio e dirigiu-se para a viatura do Manuel António, já parada. Abriu a porta e sentou-se ao lado do condutor.
Deram dois beijos, como de costume, e ele falou primeiro:
- Então? Que há assim de tão secreto e importante para me contares?
- Manel! Eu vou falar num assunto melindroso e tenho a perfeita noção disso. Portanto, peço-te que não consideres que há qualquer má intenção na minha proposta. Pelo contrário! – começou, criando ainda mais suspense, a mulher.
- Continua! Continua! – pediu o Manuel António.
- Tu e a Joana não podem ter filhos em conjunto pela razão que conhecemos. Também sei que, embora ela tenha vontade de fazer uma adopção, tu não estás muito receptivo à ideia. Finalmente, sei que tenho vontade de ter um outro filho mas não há nenhum homem livre que me interesse para pai da criança – e fez uma pausa, a Ana.
- Perante essas premissas...continua, por favor! – insistiu ele.
- Na sequência do que te acabei de dizer, faço-te a tal proposta que pode parecer estranha mas, no fundo vem contentar todos.
E continuou:
- Eu explico: nós os dois geramos uma criança, no maior segredo.
Manuel António fez um esgar, embora discreto.
Ela continuou:
Supostamente será um filho de pai incógnito ou de um amigo com quem não quero fazer vida em comum e não será difícil que as pessoas aceitem que ele seja adoptado por ti e pela Joana.
- Agora deste-me uma pancada bem forte, Ana! – comentou o cunhado ainda não refeito da surpresa – Imaginaste um esquema um tanto maquiavélico!
- Não é maquiavélico, ora ouve com atenção: a Joana fica satisfeita porque adopta uma criança e, ainda por cima, tem o sangue dela. Tu ficas satisfeito porque vês a Joana feliz e sabes que estás a adoptar um filho teu. Eu fico satisfeita porque tenho um outro filho e, pelo menos por algum tempo, satisfaço o meu desejo de ter um bebé nos meus braços e de o amamentar. E depois posso vê-lo crescer e desenvolver-se no seio da família. Quanto aos meus pais e irmãos ficarão a pensar que eu sou uma leviana, mas como já pensam isso, não me preocupo. Claro que, se quiseres, fazes um teste de ADN para confirmar a paternidade. Mas garanto-te que há umas semanas que não tenho relações com ninguém e que durante algum tempo isso se manterá. Serei só tua! Também já fiz testes de HIV e todos aqueles que são recomendáveis para quem quer ser mãe. E a nossa relação acabará quando eu ficar grávida. Obviamente que mais ninguém poderá saber disso. Será um segredo só nosso e que devemos levar connosco para a tumba! – rematou a imaginosa Ana.
Manuel António permaneceu calado e com um ar incrédulo perante o que ía ouvindo.
- Eu diria que é um plano perfeito! – disse, finalmente, provocando o tal sorriso enigmático e não descritível na cunhada.
- Não quero que me respondas já! Quero que penses no assunto e que tomes uma decisão amadurecida. Confesso que, sendo tu uma pessoa muito inteligente, sei que vais concordar – induziu ela.
- Tenho de te dar os parabéns pelo que tu imaginaste. Ao contrário do que eu pensei logo que começaste a expor o assunto, não é uma ideia disparatada. Será talvez imoral. Mas a moral é tão elástica, não é? – comentou o homem.
- Sem dúvida! – anuiu ela, com um sorriso triunfante.
- Devo dizer-te desde já que há duas questões que me preocupam. Uma delas é apaixonarmo-nos; aliás, penso que tu tens um fraquinho por mim e eu confesso que também simpatizo contigo. A outra é tu, depois de dares à luz, não quereres abandonar a criança – objectou o professor universitário.
- Eu sei que existem esses riscos, mas está nas nossas mãos e nas nossas cabeças superarmo-nos, se necessário for, e vencermos os desejos do coração – disse convicta, a Ana.
- Pois bem! Eu vou pensar no assunto e muito brevemente te darei uma resposta. Mas confesso que me custa pensar que vou trair a Joana – disse o professor.
- Manel! Manel! Eu sei que não seria a primeira vez! Não me venhas contar histórias da carochinha. Este é um assunto muito sério e temos de o encarar como tal.
- Tens razão! Tu cada vez mais me surpreendes como uma pessoa fora de série – disse o cunhado olhando-a, enquanto ela ampliou o seu sorriso de triunfo.
- Então vou ficar à espera da tua resposta! Espero que não demore demasiado tempo. Tu sabes decidir depressa – desafiou a mulher.
- Daqui a dois ou três dias eu digo-te se sim ou se não! – prometeu ele.
- Muito bem! Espero que seja sim, para bem de todos – rematou ela abrindo a porta do carro.
- Não me dás os beijos do costume? – disse ele.
- Não! Não quero que penses que faço isto para te conquistar e roubar à minha irmã.
- Então adeus, Ana! E deixa-me felicitar-te pelo teu engenho e coragem.
Ela saiu e fechou a porta, voltando para o seu Clio estacionado perto. Trazia um sorriso vitorioso estampado no rosto. Tinha a certeza de que ele iria concordar, quanto mais não fosse porque não tinha filhos e sempre tivera vontade de os ter. E era a grande oportunidade da vida dele de satisfazer esse objectivo que ela agora lhe estava a oferecer servida numa bandeja de prata.
26 Comments:
Bem arquitectado o plano.
Óbvio que ela já estava apaixonada e ele já sabia, assim como vai aceitar.
Resta agora saber como vai reagir a irmã mais nova quando souber.
beijos
Fazes-me sofrer. Pões o meu coração em frangalhos. Nem sei explicar porquê. Se não querer filhos é compreensível, já ter para dar, mata-me toda (lol).
Bom capítulo, fundamentalmente em redor de um diálogo que resultou bem cativante.
Agora, se a criança herdar os traços do papá, vai ser das boas. Aliás, bem antes disso já Ana fez das suas, claro.
Mas aguentaria um homem um segredo destes para toda a vida?...
Um abraço!!! :-)))
Pois com esta é que não contava!
Quem pensa tão friamente, só para estar alguns momentos com o homem que deseja, não se importará de fazer as piores coisas, para continuar com ele.
Não me acredito que haja uma mulher, com estabilidade económica e familiar (apesar de não ter companheiro) que conseguisse, fazer um filho e dá-lo, para cometer “uma boa acção”! Claro que é imoral!
Se assim fosse, faria (sem que ninguém soubesse) inseminação artificial.
A inseminação artificial efectuada em hospitais, ninguém está à espera que seja o médico, o enfermeiro ou o vizinho que terá de ter relações com a paciente, para que ela fique grávida!
Sou a favor do Aborto (estamos à porta de mais um escandaloso referendo). Contudo e porque sou a favor, penso que só em ULTIMO recurso se deverá fazer. Agora entregar, dar, oferece um filho??? No fundo, tudo isto, só para ter oportunidade de ter relações com o cunhado!!!
È claro que depois não mais daria a criança!
Nem as cadelas gostam que se lhes retirem os filhotes!
Calma! Isto é um comentário real!
A história é ficção!
Nunca imaginei esta situação! Genial!
ÉS O MEU ESCRITOR PREFERIDO!
Está muito envolvente.
Que mais posso dizer!
Como terminará este livro?
Parabéns!
Bjs,
GR
Bom dia António!
Bingo!! Afinal a minha bola de cristal não precisava de polimento! eheheheheheh. E desta vez dou-te os parabéns por teres apanhado na perfeição aquela parte preversa de gaja que usa a doçura e a "bondade" para, da forma mais "pura" derrubar tudo o que se interpuser entre ela e o seu objecto de amor. Isso é feito com tal "profissionalismo" que no fim não só atingem o objectivo como ficam a ser vistas como as salvadoras daquela pátria!
E lá vamos esperar para ver se é menino, menina ou gémeos (que agora proliferam - eu que o diga!!!! rssss). Que o casamento da Joaninha já era, não devem restar muitas duvidas.
Estás a portar-te muito bem postando assim, mais rapidinho eheheh!
Beijinhos e bom fim de semana!
Ana Joana
estou armada em tia e disse preversão em vez de perversão!!!
Está-se mesmo a ver que ela vai "palmar" o marido à irmã.
As mulheres são maquiavélicas.
Bom fds
Beijos para o meu A.de Castilho.
....faz tempo.Tanto tempo.
Para "GR":
Olá, Guida!
Obrigado pelo teu comentário.
Só quero deixar uma breve nota:
todas as pessoas são capazes do melhor e do pior.
Todas!
Beijinhos
Para "ana joana":
Olá!
Obrigado pelo teu comentário.
E que mais é que a bola de cristal vai adivinhar?
(para eu mudar a história...ah ah ah)
Continua a aparecer que eu gosto.
Beijinhos
Sobre a novela, já sabes: continuo a imprimir :)
Venho desejar-te um bom S. Martinho e deixar um beijinho!
ola antonio
influencias do curso pois claro. a tua perspicacia acertou na mosca.
o post bem diferente do habitual. tentarei sempre primar por isso. penso que em dias de ontem, de hoje e de amnha será sempre o mais dificil: surpreender alguem, rss
nao achas?
novo episodio
voltarei mais logo para comenta-lo
abraço da leonoreta
Não contava com esta armadilha aparentemente tãoooooo inofensiva em prol de "coitadinhos", como se fosse possível! Bela ficção...mas...por vezes o caçador é caçado e prevejo que a procissão ainda vai no adro!
Parabéns António e...e...cá estarei para ler o próximo capítulo!
Beijos e um bom fim de semana
Excelente...
Cada vez mais enredada no teu enredo...curiosossima: e a irmã???
aii
beijinhos
António, juro que compenso ( picar o ponto) Ando meio cansadota e arredada, mas sempre que tenho um tempinho ponho a leitura em dia.
E aqui, é sempre um prazer enorme...até porque estou mesmo agarrada à história...
beijinho
Ai é??? Hummm. Então vou ter mais cuidado eheheh
Mas para ser sincera, sempre esperei algo inesperado aí. Quente ou não...isso ainda vai dar uma volta qualquer ;-)
Continua em beleza...
Bom fim de semana.
Um abraço
Uma ideia interessante!! Beijos.
bem! surpresas naõ faltam. comento a escrita em primeiro lugar: acção desenvolvida em diálogo. poucas descrições, as que há são sempre acompanhadas de adjectivos adequados a deixarem perceber o espirito do interveniente.
quanto à intriga estou sem palavras. não esperava por isto.
abraço da leonoreta
António:
Uma trama perfeita e muito bem arquitectada pela Ana Maria.
E se a criança (porque o Manel vai aceitar) se parecer com ele?
Cono vai reagir a Joana se vier a descobrir... porque vai descobrir!?
Fico em "suspense" a aguardar o desfecho.
Uma familia burguesa que é um verdadeiro thriller... eheheh.
Beijo
Que barbaridade! Como é que conjecturam fazer isso à Joana?
" A moral é tão elástica, não é? " Com esta frase, exprimiste algo que eu sempre tento dizer! A partir de agora já tenho uma frase! Obrigadinha.
Querido António
Bolas! Mas que MAQUIAVELICO plano!!! penso que nem a Joana, nem ninguém merece isto.
Tenho a certeza que isto não é um simples plano de boa-fé, pois não?
Mas a intriga continua*****
Beijinhos
BoaSemana
Querido António,
...venho agradecer o teu carinho e miminho..obrigada Amigo!
Não está a ser nada fácil este momento...sinto-me apagada..sem vontade para fazer seja o que for...
Reparo que a tua blogonovela já vai no capitulo XIII..e eu sem ter lido ainda um capitulo sequer :(
Quando é que publicas as tuas histórias em livros amigo?...
Gostaria muito de ver um livro teu!
Olha quanto à apresentação da colectânea da IRanimA aí no Porto já não vai ser feita, pois só existe um autor daí , e não se justifica outra apresentação, vai haver sim uma sessão de autografos dada por esse mesmo autor, foi o Paz Kardo que deixou a informação lá no post referente ao lançamento no meu blog.
Muitos beijinhos para ti querido António!
Fria e tortuosa, a Ana Maria. Antecipando uma resposta positiva do Manel, já tenho pena da criança. Gostei muito deste capítulo, escrita escorreita e diálogos cativantes! Bjs
Olá António
Um bom capítulo, bem pensado e com um diálogo muito bem elaborado. Atrever-me-ia a dizer uma proposta indecente (sem ter nada a ver com o filme) e que poderá trazer sérias consequências.
Quem sabe se não será o desmoronar dessa família burguesa?!
Um bjinho e uma excelente semana
ESTE JEITO, SIMPLES, CLARO_NATURAL_, de dar vida aos dialogos e as personagens neles participantes!
Aqui reside o seu "segredo" (UM DOS...): este conversar assim ao "correr da pena" ( E DA CONVERSA...), como se estivessemos ali sentados no sofa' ao lado!
...........................
MEU ABRACO, ANTONIO!
como lamento naopoder estar AQUI DIARIAMENTE (ou... ao CORER DO "ENREDO"!...)
Heloisa.
*********
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