Eu sou louco!

Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças! (este blog está registado sob o nº 7675/2005 na IGAC - Inspecção Geral das Actividades Culturais)

A minha foto
Nome:
Localização: Maia, Porto, Portugal

sexta-feira, novembro 24, 2006

Uma família burguesa - parte XVIII

Três semanas depois do primeiro encontro clandestino, dentro do automóvel, entre Ana Maria e Manuel António, novamente a uma quinta-feira o professor acomodou o carro no escondido parque de estacionamento da residencial e aguardou. Estava ansioso por este segundo encontro de alcova. Da primeira vez ficara de tal modo satisfeito que agora nem se lembrava que o objectivo era bem diferente de uma hora e meia ou duas de prazer. Mas era na cunhada que ele pensava, nas manifestações de carinho que lhe dedicara, nos pedidos de afecto que lhe pedira, na carência que demonstrara. E como ele gostara de a acariciar, de a beijar, de a saciar.
Passados uns dez minutos chegou a Ana Maria. Arrumou o carro e ambos se apearam. Cumprimentaram-se com um beijo nos lábios e subiram pela escada das traseiras até à recepção.
Ao fim de poucos minutos entraram novamente no quarto 108, o mesmo da outra vez, e abraçaram-se com força, muita força. A mulher sentiu que o Manel já estava excitado e procurou avidamente a sua boca. E beijaram-se apaixonadamente durante algum tempo, com intervalos para ganharem novo fôlego e recomeçarem.
Estavam ainda vestidos quando caíram sobre o leito.
Manuel António levantou-se e foi baixar um pouco a persiana para deixar o quarto mais na penumbra. Ela continuou deitada na cama, virada para cima.
- Vou-me despir e depois dispo-te a ti – disse ele.
E rapidamente se despojou da roupa que espalhou por todo o lado; ele, que costumava ser muito arrumadinho. Mas o desejo era tanto...tanto...
Começou a retirar a roupa da parceira, a beijá-la na cara, nos ombros, nos seios que chupou até ela sentir uma mistura de dor com prazer intenso, no ventre, nas coxas...e foi descendo até aos pés. Depois subiu novamente até parar os lábios no monte de Vénus. Usou a língua com mestria para fazer com que a mulher, já totalmente humedecida, começasse a soltar gemidos de gozo. Mas ele não parava. Parecia um louco de amor. A mulher estremecia, abanava, agarrava-lhe a cabeça até que suplicou:
- Meu amor! Mete! Mete agora!
Ele, apesar de um tanto anafado, num salto pôs-se de joelhos abertos diante dela, abriu-lhe as pernas e num só golpe penetrou-a totalmente. Agora já não eram dois corpos, era só um. E os gemidos de ambos também se misturavam. A frequência com que eles mexiam as ancas foi aumentando, com os gemidos a converterem-se em gritos e sons guturais até ao êxtase.
Depois foram os corpos exangues a tombarem e ficarem inertes durante uns minutos. Poucos, porque as carícias recomeçaram com os dois bem abraçados.
- É tão bom sentir-me tua, meu amor! – disse ela.
- Bom demais, minha querida! – confessou ele.
E assim permaneceram mais algum tempo: em silêncio, entrecortado aqui e além por palavras de elogio e amor sussurradas, com as mãos e os lábios a aumentarem de novo a sua actividade.
- Ana Maria! Dá-me um filho! Quero um filho teu! – disse, em voz alta, o homem.
Ela olhou-o nos olhos e com um sorriso matreiro perguntou.
- Mas quando ficar grávida estes nossos encontros vão acabar. Foi o combinado, não foi?
Ele suspirou fundo e respondeu:
- Sim! Foi o combinado. Mas...não sei, não! Não fales nisso agora. Sim, meu amor?
- Pronto! Eu não toco mais no assunto. Vou ao quarto de banho tomar um duche e venho já.
- Eu também vou tomar banho – disse ele, por sua vez.
- Então tomamos juntos! – decidiu ela enquanto se levantava dengosamente.
Pouco depois estavam ambos no chuveiro.
- Já estás preparado para mais, Manel? Ah...grande homem! – exclamou a Ana Maria.
- Até eu estou espantado com a rapidez com que recuperei. Tu és verdadeiramente um afrodisíaco – disse o professor.
- Somos! Acho que fomos feitos um para o outro! – afirmou a mulher.
Mas ele não respondeu. Agarrou-a e deitaram-se na banheira.
- Aqui não dá muito jeito. Vamos para o quarto, mesmo molhados – desejou ela.
- Vamos lá!
Enxugaram-se mal e rapidamente antes de mergulharam no leito.
Ele ficou nu, voltado para cima, erecto.
Ela debruçou-se sobre ele e iniciou um felatio com uma sabedoria de profissional. Mas com muito amor, também. Oh mistura explosiva! O professor era agora aluno. De olhos fechados mas com um leve sorriso, disse.
- Assim não dá para engravidar!
- Não me faças rir pois não consigo fazer-te gozar como eu quero.
- Não digo mais nada – rematou ele.
E, ao fim de alguns minutos, ele grunhiu e depois ficou como morto. Morto de prazer.
Ainda ficaram mais algum tempo no quarto.
Junto à porta, e antes de saírem do ninho de amor, deram um último e profundo beijo para terminar a segunda sessão de procriação.
- Sabes que na quinta da semana passada foi o meu dia de ovulação? Quem sabe se... – disse ela baixinho.
- Quem sabe, Ana! Quem sabe!
- E o ter deixado recentemente de tomar a pílula pode facilitar – concluiu a cunhada do Manuel António
E saíram em silêncio, caminhou cada um para a sua viatura e deixaram o local de parqueamento.

As quatro meretrizes contratadas para angariarem clientes no “Borda d’água” começaram a aparecer logo na noite seguinte. Raramente compareciam todas, pois algumas tinham outros esquemas no âmbito da prostituição.
Eram a cabeleireira Sónia, que usava o nome Vanessa, com 22 anos, a balconista Ana Rosa, Andreia como nome de guerra, com 25 anos, Fátima, que se mascarava de Cátia, com 24 anos e Lurdes que manteve o nome verdadeiro, de 21 anos, sendo estas desempregadas.
Quem raramente faltava era a Sónia, pois conseguiu que o Alexandre a fosse buscar quasi todos os dias ao pequeno apartamento que partilhava com uma amiga.
Não demorou muito que entre os dois surgisse um relacionamento e ele passou também a levá-la de regresso a casa.
Apesar de todas as cautelas serem tomadas para camuflar o mais possível esta nova vertente do negócio, naturalmente que Alzira rapidamente se apercebeu da situação. Mas nada disse, pois o dinheiro que recebia certinho dos patrões fazia-lhe muita falta e, de facto, o ambiente não se apresentava visivelmente prostituído.
Naturalmente que ela e o Francisco também se aperceberam da relação do Alex com a Sónia, mas como no bar quasi se ignoravam, ninguém se meteu no assunto.
Esta nova actividade rapidamente começou a dar frutos pois as moças contratadas eram novas e atraentes, apesar da discrição das roupas que usavam e mesmo da postura pouco exuberante e matadora. Nisso, Francisco era um zelador atento.
A balconista Ana Rosa aparecia poucas vezes, normalmente uma vez por semana, mas as outras eram suficientes para entregarem mais uns bons cobres no saco azul dos patrões. Raramente estavam lá mais de uma ou duas porque, ou faltavam, ou saíam discretamente com clientes para executarem a sua tarefa nos quartos de uma residencial da zona. Por vezes não estava nenhuma.

Francisco Torres costumava almoçar, aos sábados, num restaurante com a filha Cláudia. Esta esta não aceitava, em grande parte por pressão da mãe, ir a casa do pai para não ter de enfrentar a Marina. Por vezes, também o meio-irmão Marco António acompanhava o Chico para poder estar com a irmã, havendo uma boa relação entre eles.
Num desses sábados, Sónia foi almoçar com um cliente, um viúvo relativamente abastado, e viu o Francisco e a Cláudia noutra mesa um tanto afastada. Foi propositadamente às instalações sanitárias e estranhou que o patrão estivesse com uma rapariga tão jovem. No regresso, olhou particularmente para a moça e reconheceu-lhe o rosto. De imediato não se lembrou de onde seria mas, passado pouco tempo e algumas espreitadelas, pensou:
- Ah! Já sei! É a filha da D. Ana Maria que é cliente lá no salão. E a mocinha já lá tem ido. Será que o Francisco é pai dela?
Quando reencontrou Alex perguntou-lhe:
- O teu sócio Francisco tem uma filha com uns catorze ou quinze anos?
- Tem! Ele foi casado com uma tal Ana Maria e do casamento nasceu uma filha que tem essa idade, mais ou menos, e se chama Cláudia. Mas porque perguntas? – quis saber o homem.
- Porque hoje os vi a almoçar juntos – respondeu ela.
- Ah! – exclamou o irmão de Marina sem dar qualquer importância ao caso.
Mas Sónia começou a magicar:
- Duvido que a antiga mulher do Francisco saiba como funciona o bar, agora. Talvez ainda possa ganhar um dinheirinho se tiver uma conversa de pé de orelha com ele.

11 Comments:

Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Cá estou eu no andar de cima:)

Bom! Esta Ana Maria mete-me os cabelos em pé (espero que não seja este o meu papel na novela, já não me lembro se ela é loira! :)

Este foi um momento de paixão arrasadora/avassaladora – está tudo dito sobre este “casal” quanto à tua descrição do acto – tem aquelas estrelinhas todas - que tu sabes!

Quanto às “meretrizes” Só te digo – é um mimo de mão cheia. Agora com a pergunta feita pelo Francisco, levanta aqui uma outra “ponta” que vai dar que falar!

Mais uma vez PARABÉNS!

Beijinhos
Bom fim de semana

7:35 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Parabéns pela mestria como descreves a continuidade da história, os enredos e coscuvilhices, as mentes um pouco vocacionadas paenas em retirar qualquer valor monetário dos seus actos. Está excelente!
Beijinhos

9:02 da tarde  
Blogger Maria Carvalho said...

Tu e mais as complicações que arranjas!!! Para já o quarto deveria ter sido o 109, não o 108...depois tudo isto se complica demais para a minha cabeça!! Isto é: estás a ficar um escritor!! Bolas!! António...olha : não pares. Mas atenção a certos pormenores...Beijos meus. Muitos.

9:15 da tarde  
Blogger Peter said...

Começa com acção e termina com suspense. Gostei.
Às vezes, como agora, rio-me para mim próprio, porque estou certo que és capaz de pensar ( e até nem me importo nada que penses) olha o "velhote" vem aqui "tirar apontamentos".

10:02 da tarde  
Blogger Fatyly said...

Gostei e o erotismo que narras está excelente!
Quanto às meninas...coitados os sabichões ou me engano muito ou irá sair-lhes o tiro pela colatra!

PS: já agora António, no capitulo onde narras a "ideia de procriação" de Ana Maria ela própria disse que tinha feito exames e principalmente ao HIV-Sida e o Sir não fez? ou não não disse nada????? De repente lembrei-me deste pequeno(grande) pormenor!

Gostei e um bom fim de semana

10:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

As descrições sempre magnificas.
A paixão que está a nascer por parte do Manuel António e que dará uma grande confusão, na família!
Será que ela ao ter a criança…morre? Ficando o segredo (se ele não tiver sinais particulares) para sempre oculto?
A cabeleireira, já vai extorquir dinheiro ao patrão!
Não falta nada, sempre muito suspense.
Logo agora que queria continuar a ler!

Parabéns, mais uma vez e sempre.
Escreves magnificamente!

Bjs,

GR

2:28 da manhã  
Blogger António said...

Para "GR":
Obrigado por esta nova visita.
E já me estás a matar as personagens?
Andas a ver muitos filmes!
ah ah ah
(por acaso alguém vai morrer...eh eh...já escrevi tudo)

Beijinhos

3:37 da tarde  
Blogger Leonor said...

Antonio
de metaforico o meu texto nao tem nada. ia morrendo no temporal. apanhei duas molhas, uma de manha e outra á tarde e nao sei qual das duas foi pior.
engripei-me. e hoje está um dia lindo. tambem nao me mato a perceber as pressoes atmosfericas. chova quando quiser. quero la saber., rsss

abraço da leonoreta

4:30 da tarde  
Blogger Leonor said...

li. mas nao vou comentar.

abraço da leonoreta

4:35 da tarde  
Blogger Leonor said...

nao comento mas já agora explico porquê.
escrevo para miudos. nao me meto nestas eroticidades ( é assim que se diz?, rss)

enfim, os tabus dos anos 60 que nao se aliviaram com o cheiro a beatles e roling stones

abraço da leonoreta

5:10 da tarde  
Blogger Titá said...

Muito bem!
Narrativa cheia de descrições e pormenores.
A história cada vez mais enredada e sempre com um q de suspense.
Parabéns!
Continua!

9:50 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home