Uma família burguesa - parte XXIII
Meados de 2007.
Em finais de Julho, Ana Maria deu à luz um rapaz ao qual, como já havia sido combinado, chamaram Manuel José.
Cerca de duas semanas depois foi a vez da Fernanda ter presenteado o Mário com uma moreninha a quem deram o nome de Olga.
Por essa altura, Bárbara estava no sexto mês de gestação de uma menina que, em princípio, se chamaria Judite.
Parecia que os deuses estavam a ser pródigos a distribuir fertilidade.
Estava o Francisco Torres a levantar-se, certa manhã de Outubro, quando tocou o seu telemóvel. Era o Alexandre.
Ainda ensonado, resmungou:
- Que queres?
- Sabes que apareceu agora de manhã o corpo da Sónia a boiar no rio? Lembras-te dela, não lembras? – disse, em tom estranho, o irmão da Marina.
- Claro que lembro! Mas que aconteceu? Matou-se? Mataram-na? – perguntou o Chico.
- Não se sabe nada de concreto. Como acontece quasi sempre nestes casos, cada pessoa tem a sua opinião e, portanto, o que diz o povo não serve para nada. Vem uma notícia muito curta no jornal e agora vou ver a televisão – informou o cabeça rapada.
- Tu pareces estar um pouco ansioso! – notou o cunhado.
- Pois estou! Lembra-te que há cerca de um ano andava com ela e a polícia é capaz de me chatear – falou o Alex.
- Tens razão! Mas tu não tens nada a ver com o caso.
- Pois não! Mas se foi assassínio e eles não tiverem bons suspeitos são meninos para pegarem comigo e chatearem-me...e muito! – disse o assustado sócio.
- Acho que estás a preocupar-te demais! Tem calma! Vais ver que se calhar nem houve nenhum crime – procurou o Francisco animar o outro.
- Não sei, não! Não estou a ver que seja acidente nem que ela se tenha suicidado. Pelo contrário, acho que era menina para se meter em complicações e alguém lhe ter limpo o sebo. Não te esqueças que ela te quis chantagear...
- Mas, mesmo que tenha havido crime, tu tens álibi, não tens? – perguntou o sócio maioritário.
- Estava a dormir em casa e estava lá a minha mãe. Mas o testemunho da velhota não deve valer de muito. Isto partindo do princípio que ela morreu de noite, mas não sei se foi assim. E quando abandonei a Sónia ameacei-a de morte. – disse, preocupado, o outro.
- Mas só ela é que ouviu e está morta.
- Não tenho a certeza. Eu não a vi, mas a amiga que vivia com ela podia estar lá e ter escutado a conversa – disse o homem, nervoso.
- Bom! Isso poderia ser chato. Mas já foi há um ano. E provavelmente não estava mais ninguém em casa. Vão aparecer suspeitos muito mais credíveis. Não te apoquentes! – continuou o Chico a tentar acalmar o cunhado.
- Oxalá tenhas razão! – e suspirou, o Alexandre.
- Olha, Alex! Eu agora vou almoçar e depois para o stand. Precisas de alguma coisa? Já falaste com a minha mulher? – apressou o Chico.
- Não preciso de nada, por enquanto. E obrigado. Mas não digas nada à minha irmã. Não vamos alarmar toda a gente – recomendou o Pimenta.
- Pronto! Se precisares de alguma coisa avisa, ok? – despediu-se o Torres.
- Claro! Então até logo! – terminou o Alex.
Quando estavam juntos no bar, à noite, já a Polícia tinha divulgado um aviso a dizer que havia fortes indícios de a morte da Sónia ter sido provocada por asfixia e o corpo ter sido depois lançado ao rio.
A situação clínica de Maria Helena continuou a evoluir favoravelmente.
Um dia resolveu telefonar para o médico, vizinho e amigo Armando Borges dizendo-lhe que precisava de falar em privado com ele. Embora já não trabalhasse em nenhum hospital, o cardiologista continuava a exercer clínica por conta própria.
Quis saber qual o assunto.
- Depois! É coisa para ser transmitida pessoalmente – disse ela.
E combinaram que, na tarde seguinte, ela iria ao consultório e lá diria o que tinha a dizer.
Quando a Maria Helena entrou no gabinete do vizinho, este notou:
- Estás com uma cara estranha. Que se passa? Sentes-te pior?
- Não! Estou bem, obrigado.
E indicando uma poltrona, disse o doutor:
- Senta-te aí, por favor.
Pegou numa cadeira e foi postar-se em frente dela.
- Já estás em condições de falar? Criaste-me uma ansiedade grande. Logo que possas começa, por favor.
Fez-se silêncio durante uns instantes até que ela começou, finalmente:
- Esta fase que atravessei, em que durante algum tempo vi o espectro da morte à minha frente, fez-me sentir de forma muito intensa que podemos morrer muito mais subitamente do que pensamos. E deixarmos coisas por fazer. Nesta fase, embora esteja muito melhor e pareça que ainda não é desta que vou...
- Não é, com certeza – interrompeu o médico.
- Espero que não! Mas como dizia, tenho a consciência de que posso partir de um momento para o outro muito mais enraizada, por isso quero revelar-te uma coisa que guardo comigo, só comigo, há trinta e quatro anos.
Pausou e disse:
- Tu és o pai da minha filha Joana!
E ficou a olhar para a expressão patética do Armando que não conseguiu dizer nada durante algum tempo.
Quando falou, ou melhor, quando balbuciou umas palavras, foram estas:
- A Joana é minha filha?
- Foi exactamente o que eu disse.
- Meu Deus! E conseguiste aguentar esse segredo só contigo? O Tó Zé não sabe nada? – disse, já mais refeito do impacto da revelação, o amigo.
- E nem imaginas como foi difícil!
- Mas como sabes que é minha filha? – perguntou, um tanto impensadamente, o Armando.
- Como te lembras, o António esteve a fazer um estágio na Bélgica, a expensas da empresa, de Janeiro a Julho de 1973. Eu tinha vinte e quatro anos, o sangue na guelra e muitas carências e tu ainda eras solteiro. Começamos com uma brincadeira, depois foi o desenvolvimento que conheces e, uma semana antes de o António vir passar umas férias, faltou-me o período. Estive com ele, ele partiu e nunca mais veio a menstruação. Não há qualquer dúvida de que a Joana é tua filha. Aliás, se olhares bem para ela, aqueles olhos muito escuros e o cabelo negro e ondulado, são teus. Chapadinhos! – recordou a Lena.
- Nunca tal me passou pela cabeça! Mas agora que falas, realmente a Joana tem semelhanças comigo, é verdade. E...continuamos a manter a nossa relação secreta já contigo grávida – disse, o médico.
- Pois foi! Só acabamos pouco antes de o Tó Zé regressar definitivamente.
- E agora? – perguntou o clínico.
- Considerei que te devia dizer esta verdade antes de morrer. Penso que tens o direito de a saber. Acho que também o meu marido a deveria saber, mas nunca seria capaz de lha contar, obviamente. E quanto à Joana... – e suspendeu o discurso, a Helena.
- Que achas? – disse ele num tom expectante.
- Como ela não tem descendentes, nem vai poder ter, acho que não devemos dizer nada. Se tivesse filhos, talvez fosse caso para pensar. Assim...
- Talvez tenhas razão! Mas agora tenho de estar com ela mais vezes. Tenho de a ver mais vezes – como que sentiu que isso seria uma obrigação, o Armando.
- Isso não é difícil! O difícil é tu guardares o segredo, podes crer. Se ela tivesse filhos tenho quasi a certeza que não resistirias a contar a verdade. Assim, vai-te ser difícil mas vais resistir. Espero que resistas, como eu!
- Claro que sim! Não iria comprometer a tua imagem – disse ele.
- Então vamos dar o assunto como encerrado. Mas desta vez, definitivamente, trinta e quatro anos depois – falou a Lena.
- Pois! Com certeza! Mas ainda estou atordoado. Isto de saber que se tem um filho assim de repente...é forte! – e riu, e lacrimejou – A vida é tramada! Obrigado por mo teres dito. Confesso que estou muito contente. Só tenho pena que os frutos da nossa breve relação, tão boa que foi, terminem com a Joana.
- C’est la vie, mon cher! – comentou ela, usando uma expressão que usava frequentemente.
E continuou:
- Sabes, Armando? Acho que toda a gente tem um ou mais segredos que guardam ciosamente consigo ou partilham com muito, mas muito pouca gente, normalmente com alguém que foi seu cúmplice.
- Pois é Lena, pois é!
- E agora vou-me embora porque tens lá fora pessoas que precisam de ti.
E despediram-se.
Uma tarde, passados vários dias sobre o aparecimento do cadáver da Sónia, tocou o telefone na secretária do Francisco Torres quando este se encontrava, como habitualmente, no stand.
- Sim! – falou o corpulento sócio.
- Olha! Sou eu, o Alex! Recebi uma notificação para me apresentar na Polícia Judiciária para prestar declarações, depois de amanhã – queixou-se o atrapalhado cabeça rapada.
- Sim? E estás admirado? Deve ser por causa da Sónia. É natural que andem a investigar e interrogar pessoas. Não vejo razão para estares preocupado. Tu respondes ao que eles te perguntarem e não haverá qualquer problema – minimizou o assunto, o Chico.
- Isso é muito fácil de dizer! Mas quem lá vai sou eu! – respondeu, mal humorado, o sócio.
- Tem calma! Se suspeitassem de ti provavelmente íam buscar-te a casa, ías para o Tribunal e eras engavetado preventivamente. Então sim! Estavas numa situação chata. Ouve bem! Eu não estou a dizer isto só para te acalmar. Digo-o porque tenho a certeza de que não é nada de especial. E como só tens de ir à PJ daqui a dois dias, o melhor é nem pensares mais nisso até lá – disse, de forma enfática, o cunhado.
E concluiu:
- Logo à noite conversamos mais um bocado, se quiseres, ok?
- Ok! Desculpa, Chico! Eu sei que estou a ser chato, mas tu és para mim como um irmão e tenho necessidade de falar com alguém – disse o Alexandre.
- Eu sei! Eu sei! Mas queres que vá agora ter contigo? Precisas de me dizer alguma coisa de especial? – questionou o calmeirão.
- Não! Nada! Até logo! – despediu-se o cabeça rapada.
- Até logo, Alex! – terminou o Francisco Torres.
Em finais de Julho, Ana Maria deu à luz um rapaz ao qual, como já havia sido combinado, chamaram Manuel José.
Cerca de duas semanas depois foi a vez da Fernanda ter presenteado o Mário com uma moreninha a quem deram o nome de Olga.
Por essa altura, Bárbara estava no sexto mês de gestação de uma menina que, em princípio, se chamaria Judite.
Parecia que os deuses estavam a ser pródigos a distribuir fertilidade.
Estava o Francisco Torres a levantar-se, certa manhã de Outubro, quando tocou o seu telemóvel. Era o Alexandre.
Ainda ensonado, resmungou:
- Que queres?
- Sabes que apareceu agora de manhã o corpo da Sónia a boiar no rio? Lembras-te dela, não lembras? – disse, em tom estranho, o irmão da Marina.
- Claro que lembro! Mas que aconteceu? Matou-se? Mataram-na? – perguntou o Chico.
- Não se sabe nada de concreto. Como acontece quasi sempre nestes casos, cada pessoa tem a sua opinião e, portanto, o que diz o povo não serve para nada. Vem uma notícia muito curta no jornal e agora vou ver a televisão – informou o cabeça rapada.
- Tu pareces estar um pouco ansioso! – notou o cunhado.
- Pois estou! Lembra-te que há cerca de um ano andava com ela e a polícia é capaz de me chatear – falou o Alex.
- Tens razão! Mas tu não tens nada a ver com o caso.
- Pois não! Mas se foi assassínio e eles não tiverem bons suspeitos são meninos para pegarem comigo e chatearem-me...e muito! – disse o assustado sócio.
- Acho que estás a preocupar-te demais! Tem calma! Vais ver que se calhar nem houve nenhum crime – procurou o Francisco animar o outro.
- Não sei, não! Não estou a ver que seja acidente nem que ela se tenha suicidado. Pelo contrário, acho que era menina para se meter em complicações e alguém lhe ter limpo o sebo. Não te esqueças que ela te quis chantagear...
- Mas, mesmo que tenha havido crime, tu tens álibi, não tens? – perguntou o sócio maioritário.
- Estava a dormir em casa e estava lá a minha mãe. Mas o testemunho da velhota não deve valer de muito. Isto partindo do princípio que ela morreu de noite, mas não sei se foi assim. E quando abandonei a Sónia ameacei-a de morte. – disse, preocupado, o outro.
- Mas só ela é que ouviu e está morta.
- Não tenho a certeza. Eu não a vi, mas a amiga que vivia com ela podia estar lá e ter escutado a conversa – disse o homem, nervoso.
- Bom! Isso poderia ser chato. Mas já foi há um ano. E provavelmente não estava mais ninguém em casa. Vão aparecer suspeitos muito mais credíveis. Não te apoquentes! – continuou o Chico a tentar acalmar o cunhado.
- Oxalá tenhas razão! – e suspirou, o Alexandre.
- Olha, Alex! Eu agora vou almoçar e depois para o stand. Precisas de alguma coisa? Já falaste com a minha mulher? – apressou o Chico.
- Não preciso de nada, por enquanto. E obrigado. Mas não digas nada à minha irmã. Não vamos alarmar toda a gente – recomendou o Pimenta.
- Pronto! Se precisares de alguma coisa avisa, ok? – despediu-se o Torres.
- Claro! Então até logo! – terminou o Alex.
Quando estavam juntos no bar, à noite, já a Polícia tinha divulgado um aviso a dizer que havia fortes indícios de a morte da Sónia ter sido provocada por asfixia e o corpo ter sido depois lançado ao rio.
A situação clínica de Maria Helena continuou a evoluir favoravelmente.
Um dia resolveu telefonar para o médico, vizinho e amigo Armando Borges dizendo-lhe que precisava de falar em privado com ele. Embora já não trabalhasse em nenhum hospital, o cardiologista continuava a exercer clínica por conta própria.
Quis saber qual o assunto.
- Depois! É coisa para ser transmitida pessoalmente – disse ela.
E combinaram que, na tarde seguinte, ela iria ao consultório e lá diria o que tinha a dizer.
Quando a Maria Helena entrou no gabinete do vizinho, este notou:
- Estás com uma cara estranha. Que se passa? Sentes-te pior?
- Não! Estou bem, obrigado.
E indicando uma poltrona, disse o doutor:
- Senta-te aí, por favor.
Pegou numa cadeira e foi postar-se em frente dela.
- Já estás em condições de falar? Criaste-me uma ansiedade grande. Logo que possas começa, por favor.
Fez-se silêncio durante uns instantes até que ela começou, finalmente:
- Esta fase que atravessei, em que durante algum tempo vi o espectro da morte à minha frente, fez-me sentir de forma muito intensa que podemos morrer muito mais subitamente do que pensamos. E deixarmos coisas por fazer. Nesta fase, embora esteja muito melhor e pareça que ainda não é desta que vou...
- Não é, com certeza – interrompeu o médico.
- Espero que não! Mas como dizia, tenho a consciência de que posso partir de um momento para o outro muito mais enraizada, por isso quero revelar-te uma coisa que guardo comigo, só comigo, há trinta e quatro anos.
Pausou e disse:
- Tu és o pai da minha filha Joana!
E ficou a olhar para a expressão patética do Armando que não conseguiu dizer nada durante algum tempo.
Quando falou, ou melhor, quando balbuciou umas palavras, foram estas:
- A Joana é minha filha?
- Foi exactamente o que eu disse.
- Meu Deus! E conseguiste aguentar esse segredo só contigo? O Tó Zé não sabe nada? – disse, já mais refeito do impacto da revelação, o amigo.
- E nem imaginas como foi difícil!
- Mas como sabes que é minha filha? – perguntou, um tanto impensadamente, o Armando.
- Como te lembras, o António esteve a fazer um estágio na Bélgica, a expensas da empresa, de Janeiro a Julho de 1973. Eu tinha vinte e quatro anos, o sangue na guelra e muitas carências e tu ainda eras solteiro. Começamos com uma brincadeira, depois foi o desenvolvimento que conheces e, uma semana antes de o António vir passar umas férias, faltou-me o período. Estive com ele, ele partiu e nunca mais veio a menstruação. Não há qualquer dúvida de que a Joana é tua filha. Aliás, se olhares bem para ela, aqueles olhos muito escuros e o cabelo negro e ondulado, são teus. Chapadinhos! – recordou a Lena.
- Nunca tal me passou pela cabeça! Mas agora que falas, realmente a Joana tem semelhanças comigo, é verdade. E...continuamos a manter a nossa relação secreta já contigo grávida – disse, o médico.
- Pois foi! Só acabamos pouco antes de o Tó Zé regressar definitivamente.
- E agora? – perguntou o clínico.
- Considerei que te devia dizer esta verdade antes de morrer. Penso que tens o direito de a saber. Acho que também o meu marido a deveria saber, mas nunca seria capaz de lha contar, obviamente. E quanto à Joana... – e suspendeu o discurso, a Helena.
- Que achas? – disse ele num tom expectante.
- Como ela não tem descendentes, nem vai poder ter, acho que não devemos dizer nada. Se tivesse filhos, talvez fosse caso para pensar. Assim...
- Talvez tenhas razão! Mas agora tenho de estar com ela mais vezes. Tenho de a ver mais vezes – como que sentiu que isso seria uma obrigação, o Armando.
- Isso não é difícil! O difícil é tu guardares o segredo, podes crer. Se ela tivesse filhos tenho quasi a certeza que não resistirias a contar a verdade. Assim, vai-te ser difícil mas vais resistir. Espero que resistas, como eu!
- Claro que sim! Não iria comprometer a tua imagem – disse ele.
- Então vamos dar o assunto como encerrado. Mas desta vez, definitivamente, trinta e quatro anos depois – falou a Lena.
- Pois! Com certeza! Mas ainda estou atordoado. Isto de saber que se tem um filho assim de repente...é forte! – e riu, e lacrimejou – A vida é tramada! Obrigado por mo teres dito. Confesso que estou muito contente. Só tenho pena que os frutos da nossa breve relação, tão boa que foi, terminem com a Joana.
- C’est la vie, mon cher! – comentou ela, usando uma expressão que usava frequentemente.
E continuou:
- Sabes, Armando? Acho que toda a gente tem um ou mais segredos que guardam ciosamente consigo ou partilham com muito, mas muito pouca gente, normalmente com alguém que foi seu cúmplice.
- Pois é Lena, pois é!
- E agora vou-me embora porque tens lá fora pessoas que precisam de ti.
E despediram-se.
Uma tarde, passados vários dias sobre o aparecimento do cadáver da Sónia, tocou o telefone na secretária do Francisco Torres quando este se encontrava, como habitualmente, no stand.
- Sim! – falou o corpulento sócio.
- Olha! Sou eu, o Alex! Recebi uma notificação para me apresentar na Polícia Judiciária para prestar declarações, depois de amanhã – queixou-se o atrapalhado cabeça rapada.
- Sim? E estás admirado? Deve ser por causa da Sónia. É natural que andem a investigar e interrogar pessoas. Não vejo razão para estares preocupado. Tu respondes ao que eles te perguntarem e não haverá qualquer problema – minimizou o assunto, o Chico.
- Isso é muito fácil de dizer! Mas quem lá vai sou eu! – respondeu, mal humorado, o sócio.
- Tem calma! Se suspeitassem de ti provavelmente íam buscar-te a casa, ías para o Tribunal e eras engavetado preventivamente. Então sim! Estavas numa situação chata. Ouve bem! Eu não estou a dizer isto só para te acalmar. Digo-o porque tenho a certeza de que não é nada de especial. E como só tens de ir à PJ daqui a dois dias, o melhor é nem pensares mais nisso até lá – disse, de forma enfática, o cunhado.
E concluiu:
- Logo à noite conversamos mais um bocado, se quiseres, ok?
- Ok! Desculpa, Chico! Eu sei que estou a ser chato, mas tu és para mim como um irmão e tenho necessidade de falar com alguém – disse o Alexandre.
- Eu sei! Eu sei! Mas queres que vá agora ter contigo? Precisas de me dizer alguma coisa de especial? – questionou o calmeirão.
- Não! Nada! Até logo! – despediu-se o cabeça rapada.
- Até logo, Alex! – terminou o Francisco Torres.
16 Comments:
Ora cá está a penultima parte, envolvente como sempre, e já com sabor a desfecho final e de ligação entre a actual e os primeiros episódios dos quais, já estamos porventura esquecidos, neste parece-me, ou não entendi bem, que há um pequeno desfazamentos nos 'timmings' da conversa entre o Francisco e o Alex, pode confirmar-me se estou certo?.
JMC
Para "JNC":
Olá!
Obrigado pelo comentário.
Referes:
"parece-me que há um pequeno desfasamento nos 'timmings' da conversa entre o Francisco e o Alex".
Sinceramente não detectei nada.
Se te referes ao facto de no 1º telefonema o chico estar a acordar quando toca o telefone e no fim do telefonema dizer que vai almoçar, isso acontece porque ele dorme de manhã e portanto acorda perto da hora de almoço.
Se for outra situação, peço que sejas mais específico.
Com as acções a decorrerem em tempos tão diferentes, é possível que tenha cometido uma "gaffe".
Um abraço
Tens conseguido manter o suspense durante toda a blogonovela!! Adorei esta parte porque, curiosamente, quando a li, recordei a tua voz e quase que te estava a ouvir falar em determinado momento. Quero eu dizer que escreves tão bem como falas. Muitos beijos. Querido (já que ontem me excedi...).
É isso mesmo ele acordou de manhã, 'mas tarde' porque trabalha de noite, e eu não me lembrei desse promenor, por isso achei estranho levantar-se e logo de seguida ir almoçar, quanto ao resto tudo normal e bastante emotivo, o que deixa antever um final fantastico.
JMC
Uhmmm, agora a porca torceu o rabo. Será que estou a ver para onde caminha um dos desfechos? Cá espero pela última parte, então.
Como o prometido é devido: voltei. Obrigado pela tua visita.
Que surpreendente e não estava nada à espera desta revelação.
O suspense mantem-se até ao final!
Ainda tens a distinta lata de dizer que não tens a certeza se escreves bem e andas a marinar no "se"! Aqui aplico algo teu: és mesmo louco!
Gostei e venha o último capítulo.
Já agora para quando o livro????? tenho que ir ler "O viúvo" já falado por diversas vezes e aí seriam livros:):):)
Beijos
...Tcham, tcham!
Desculpa, tenho andado fora disto porque estive em viagem. vejo que -como o bom argumentista - guardaste uns trunfos na manga para o fim!
Uma coisa não entendi destes comentários: vais publicar um livro? :)
ola antonio.
confesso a minha surpresa com as surpresas obtidas pelo andamento da intriga. grandes trunfos na manga.
este era um dos livros que indo ao final para saber como acabava nao adiantava que é o que eu costumo fazer quando vou a um quarto do romance.
abraço da leonoreta
A compreensiva Helena também tem um segrego!
Grande surpresa!!!
Penso que jamais revelaria este segredo! Ou talvez o fizesse. Quem beneficiava?
Não! Não o faria!
Pelo stress do Alexandre, algo me diz que foi ele que matou a Sónia! Porém, quem o fez foi o calmo do cunhado, as represálias eram muitas e ele não queria que a filha e a 1ª mulher viessem a saber, como o dinheiro era ganho!
Será que acertei!
Chamo já o Georges Simenon, para desvendar o problema!
Genial!
Adoro os livros em que tudo termine mal, ou seja como não esperávamos!
Só falta um episódio, o derradeiro!
Estou muito curiosa!
Um Grande Bj,
GR
Para "GR":
Olá, Guida!
Obrigado pela visita.
Estás à espera de grandes revelações?
E se não houver mais segredos?
eh eh
Beijinhos
Bom! Penso que isto da Maria Helena foi uma grande revelação.
Consegues levar as emoções até ao último capitulo, eu bem sei que este é o penúltimo! não me digas que ainda vens com mais revelações bombásticas
António, dou-te os parabéns porque o enredo não é nada fácil, bem pelo contrário, até que tem muitas personagens, trabalhaste muitíssimo cada uma delas ao ponto das envolveres num todo. Independentemente de como seja o final
MUITOS PARABÉNS
Beijinho
BomFeriado
António,
Ando muito afastada dos comentários mas menos da leitura dos teus textos... Vou agora por a leitura em dia (ou antes, em madrugada!!!) e amanhã comento...
Beijinhos
...retomando a leitura de mais um capítulo desta emocionante história, quero aqui deixar a minha opinião: está excelente! Impaciente, aguardo novos desenvolvimentos. Atá lá, os votos de um bom fim de semana acrescido do feriado. Um abraço
Para "becas":
Minha linda!
Já estou aqui à tua espera...eh eh.
Beijinhos
tenho pena de chegar aqui tão tarde, mas já me enteirei (dentro do possível) da história. gostei do que li e volterei. um abraço.
Um crime! isto está a aquecer...
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