Eu sou louco!

Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa de forças! (este blog está registado sob o nº 7675/2005 na IGAC - Inspecção Geral das Actividades Culturais)

A minha foto
Nome:
Localização: Maia, Porto, Portugal

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Histórias curtas X - A ruiva e o namorado

Sónia Gonçalves conhecia Gustavo Galvão desde criança.
Para falar com mais rigor, desde que foram colegas na escola primária e depois no preparatório e no secundário.
Ela foi sempre uma boa aluna, estudiosa, interessada, mas ele era um rapaz brilhante, daquelas inteligências acima da média que sabia muito mais do que aquilo que os programas e os professores exigiam.
Era também um excelente andebolista e não faltava a uma missa semanal pois era muito religioso, um católico praticante.
Além disso eram quasi vizinhos.
Eles e mais três rapazes e duas raparigas andaram sempre juntos até ao 9º ano.
Depois separaram-se, fizeram o 12º e cada um seguiu o seu curso: o Gustavo foi para Engenharia, a Sónia para Jornalismo, a Luciana para a Escola Superior de Educação, o Pedro para Direito, a Joana também para Jornalismo, e o Luís e o Carlos para Desporto.
Os namoricos que até aí houvera tinham sido mais brincadeiras de adolescentes do que relações consistentes e sérias.
Mas agora, na fase terminal dos seus cursos, mais crescidos e maduros, Luís e Joana bem como Pedro e Luciana andavam envolvidos numa relação bem intensa.
Sónia sempre tivera um fraquinho por Gustavo e tentava demonstrá-lo com insistência, até que atingiu o seu intento conseguindo que o rapaz lhe pedisse namoro. Mas, em matéria de sexualidade, ele sempre dissera que queria ir virgem para o casamento e não queria ter qualquer tipo de sexualidade com a amiga de infância antes do matrimónio.
A rapariga, magra mas elegante, com uns cabelos ruivos que condiziam muito bem com as sardas que tinha na cara e no resto do corpo, por vezes lamentava-se ao rapaz das opções dele. Mas o Gustavo era inflexível.
- É pecado! Por isso gasto as minhas energias no desporto.
De vez em quando também se lamuriava com as amigas.
- Mas gosto dele o suficiente para não discutir as suas ideias. Respeito-as e mantenho-me casta sem grande sacrifício. Lá virá o dia em que vou tirar a barriga de misérias - dizia.
O Gustavo, alto e espadaúdo, cabelo cortado muito curto, tez um pouco morena e olhos castanhos, estava agora no último ano do curso.
Já dava aulas e preparava-se para seguir a carreira de docente universitário; eventualmente criar uma empresa de projecto para ter sempre contacto com a vida prática e tentar ganhar mais dinheiro.
Ele era filho único ao contrário dela que tinha mais duas irmãs. Parecidas, todas elas. Tinham puxado à mãe.

Mas, um dia, seriam umas sete da tarde, o telemóvel da Sónia tocou:
- És tu, Joana?
- Sou! Estás bem?
- Sempre, felizmente! – respondeu a namorada de Gustavo.
- Olha! Preciso de falar urgentemente contigo – surpreendeu a também estudante de Jornalismo.
- Urgentemente? Então porque não me dizes já o que tens a dizer?
- Porque quero fazê-lo pessoalmente – disse, com firmeza, a Joana.
- Estás a deixar-me intrigada. Há alguma coisa grave? – perguntou a Sony.
- É relativamente grave mas não te preocupes pois não morreu ninguém nem vai morrer e nem sequer é um caso de doença – procurou sossegar a amiga.
- Mas então não podes mesmo dizer nada? Nem uma dica?
- Nada de nada! Encontramo-nos logo, depois de jantar, no café em frente dos Bombeiros. Não faltes, ok? – voltou a Joana a ser incisiva.
- Pronto! Pronto! Eu estou lá por volta das nove horas. Agora deixaste-me ansiosa.
- Está combinado minha querida! Logo te conto. Xau! – despediu-se a amiga, misteriosa como nunca o fora.
Às nove horas da noite já a Sónia estava sentada numa mesa saboreando um café e um cigarro, coisa que só fazia raramente pois não era do agrado do Gustavo.
- Olá!
Olhou para cima e viu a Joana a despir um casacão e depois a sentar-se junto dela.
Antes de começar a falar deu um beijo à amiga e pediu um café.
- Olha, Sónia! – começou num tom solene.
A outra olhava-a atentamente.
- O que vais ouvir não te vai agradar nada. Mas eu não posso deixar de to dizer.
- Diz! – ordenou a jovem sardenta.
- Hoje à tarde vi o Gustavo e o Carlos a entrarem juntos para uma residencial. Não tenho a certeza absoluta, mas tudo me leva a pensar que eles tem uma relação homossexual – arrasou a Joana.
A amiga nada respondeu; ficou estática, olhar fixo na amiga mas de sobrolho franzido.
E foi a morena quem continuou:
- Depois disso estive a pensar em toda aquela religiosidade e desejo de se manter casto do teu homem. Sempre me pareceu um exagero mas cada um tem os seus princípios, e como ele teve ou tem, não me lembro ao certo, dois padres na família, não me levantou suspeitas.
- Mas tu tens a certeza? – interrompeu a namorada traída.
- Que os vi entrar juntos, isso vi. Mas só isso! Na minha opinião acho que se deve tirar tudo a limpo. Mas tu é que és a namorada dele e, um dia mais tarde, serás a sua esposa. Acho que deves saber com quem andas antes de te comprometeres mais – continuou a dissertar a morena.
- Pois é! Até estou atordoada. Neste momento não sei o que fazer. Tenho de dormir sobre o assunto e deixar que tudo seja mais claro na minha cabeça.
- Oh Sónia! Tu desculpa ter falado nisto, mas achei que esta era a única forma correcta de agir.
- Fizeste bem! Agora vou-me deitar.
- Ainda não falaste com o Gustavo? Nem por telefone? – interrogou a namorada do Luís.
- Não! Nem quero falar! – e desligou o celular.
- Vou perguntar ao Luís se o Carlos tem alguma namorada – pensou, em voz alta, a Joana.
- Pode não ter, mas já teve relações com mulheres. Eu sei de uma que já foi com ele para a cama – afirmou a sardenta.
- Então é capaz de ser bi.
- Pois é! Olha! Vou-me embora! Depois falamos, está bem? – e a Sony levantou-se, beijou a amiga, pagou ao balcão os dois cafés e saiu.

Deitada na cama, luz apagada e olhos molhados, a jovem ruiva começou a rever o filme da sua vida com o grande amigo, agora namorado, que a tinha desde sempre fascinado pela sua figura e inteligência. E lembrou que sempre que ela tentara aproximações ele reagira sempre da mesma forma: rejeitando todo e qualquer avanço.
E lembrou-se ter lido numa qualquer revista que o actor americano Rock Hudson só assumiu a sua homossexualidade poucas semanas antes de morrer com sida e que, para evitar que se falasse dele, fizera um casamento de conveniência com uma rapariga que, aliás, durou pouco tempo. A jovem sentiu-se como a cortina que era usada para tapar o outro lado da vida do seu querido Gustavo.
Tinha de o confrontar com o facto!
De supetão!
Não só para ouvir o que ele tinha para dizer como para ver as suas reacções.
E fá-lo-ía com a maior brevidade possível. Não queria viver situações falsas.

No dia seguinte, logo que acordou após uma noite mal dormida, ligou o celular e pouco depois entraram várias mensagens. Duas eram do Gustavo.
Lavou a cara e a boca para despertar melhor e ligou para ele que atendeu logo de seguida.
- Olá, Sony! Que te aconteceu ontem à noite que liguei várias vezes e deixei duas sms’s? E depois ainda fui a tua casa mas disseram-me que estavas cansada e tinhas ido dormir – falou o jovem.
- E é verdade! Estava cansada e doía-me a cabeça. Não estava disposta para conversas.
- E hoje estás bem?
- Acho que sim! Vamos encontrar-nos hoje? – perguntou ela.
- Podemos ir almoçar juntos. Eu passo pela tua escola à uma, serve?
- Humm...está bem!
- Então até logo e as melhoras! Beijinhos! – disse o rapaz.
- Beijinhos para ti, também! – respondeu a moça.
À hora de almoço, a Sónia saiu do edifício escolar e logo viu o carro vermelho do namorado. Dirigiu-se a ele, entrou, beijou os lábios do Gustavo e este arrancou só parando no parque de estacionamento de um restaurante.
- Gustavo! Não saias já! Quero esclarecer umas coisas contigo – disse ela, com uma voz diferente do habitual.
O quasi engenheiro notou isso e aquiesceu:
- Estão diz o que tens a dizer!
- Gustavo! Tenho fortes suspeitas de que tu sejas homossexual, andes com um homem, um pelo menos, e me estejas a usar como máscara de hetero. Quero que me respondas com toda a sinceridade. Lembra-te que, qualquer que seja a resposta que me dês, a nossa amizade fica intocável. Só poderá ser abalada se tu continuares a mentir e a usar-me – despejou a rapariga.
- Mas quem é que te meteu uma coisa dessas na cabeça? – disse ele, aparentemente descontraído.
- Alguém te viu ontem a entrar para uma residencial com o Carlos – atirou a Sónia.
Agora o Gustavo Galvão ficou calado a pensar que tinha sido descoberto e que entre continuar com uma mentira que um dia seria inevitavelmente posta a nu e com consequências muito mais devastadoras ou dizer já a verdade e tentar que isso não se espalhasse, fez rapidamente a opção:
- É verdade, Sónia! Eu sou gay e só tenho de te pedir desculpa por te ter usado. A minha intenção era não ter namorada para me ocultar dos preconceitos da sociedade, mas tu tanto insististe... Penso que o namoro acaba aqui. Mas quero continuar teu amigo porque sou mesmo muito teu amigo.
As lágrimas deslizavam pela face sardenta da jovem.
- Tenho de desaprender a amar-te e olhar para ti só como amigo. Eu adoro-te, tu sabes, e isto é muito violento para mim – disse ela.
- Também gosto muito de ti, mas eu sou como sou e não consigo mudar. Só me admiro de não teres topado mais cedo. Ahh...e quem está a par do assunto? – procurou ele proteger o seu grande segredo.
- Além do Carlos...deixa-me telefonar!
Pegou no celular e ligou:
- Sou eu! Acabo de ter a confirmação das nossas suspeitas por parte do Gustavo. Já contaste a mais alguém?
Do outro lado respondeu a Joana:
- Não! Ainda não!
- Então faz de conta que isto foi um sonho do qual acordaste e vais esquecer.
- Está bem! O namoro acabou?
- Claro! – disse a rapariga traída.
- E como vais justificar o fim da relação? – perguntou a estudante que estava do outro lado.
- Isso, eu e ele vamos combinar. O importante é que ninguém saiba que o nosso grande amigo Gustavo é como é porque nenhuma de nós o quer ver sendo humilhado. Valeu?
- Valeu!
- Então depois encontramo-nos para falar de tudo menos de uma coisa que não passou de um sonho. Xau. Beijinhos – e a Sónia desligou.
Virou-se para o rapaz e disse:
- Só uma pessoa sabia. Quem te viu com o Carlos. Podes estar descansado que é alguém que gosta muito de ti e não te vai querer prejudicar. E agora vamos almoçar?
E os dois encaminharam-se para a porta do restaurante de mãos dadas.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Histórias curtas IX - Uma avaria eléctrica

- Adriano! Está aqui um foco fundido – falou, num tom de voz mais alto que o costume, a Judite Sampaio.
- Diz, filha! – respondeu o marido que estava a vestir-se.
A mulher saiu do quarto de banho e, já perto do seu homem, repetiu:
- Está um foco fundido ali dentro, na casa de banho.
- Ah...logo, quando vier ao fim da tarde, eu substituo-o. Há luz suficiente e eu agora estou com pressa.
- Está bem, meu querido!
Passado pouco tempo ambos saíram de casa.
A mulher, com vinte e seis anos, alta e magra, mas de uma magreza sadia e que a fazia muito elegante, cabelo abaixo dos ombros, liso e pintado de loiro, cara bonita, ar sensual, foi para a escola onde teria o último dia de trabalho antes de umas curtas férias pascais.
O homem, Adriano Lopes, com quasi trinta anos mas parecendo mais velho, também alto e magro, com um ar macilento e cansado que acentuava as olheiras profundas, os olhos escuros e o cabelo liso e negro. Trabalhava no sector comercial de uma empresa pelo que saía bastante e, algumas vezes, pernoitava noutras paragens.
Quando regressou a casa já a sua Ju, com quem casara há três anos, o esperava deitada na cama. Era assim quasi sempre. A professora era mulher de intensa sexualidade e o Adriano via-se e desejava-se para a satisfazer minimamente. Talvez estivesse aí a origem do seu ar cansado e pálido.
- Meu amor! Anda cá! Vem apagar o fogo da tua mulherzinha que já está a arder.
E o Adriano lá se enfiava na cama para cumprir a sua obrigação conjugal. Às vezes não o conseguia pois a sua resistência tinha limites, mas o medo de que outro ocupasse o seu lugar, ou parte dele, impelia-o a dar o que tinha e o que não tinha. Até já usara Viagra!
Saciada a voracidade da sua mulher, foi buscar uma lâmpada de foco para substituir a que se finara de manhã.
Fez a mudança mas...nada! Repetiu a operação, fui buscar outro foco mas sempre sem resultado.
- Oh Ju! Há aqui um problema qualquer. É capaz de ser o transformador que está escondido no tecto falso que deu o berro. O melhor é chamar o electricista.
- Achas que sim? Então vou telefonar para o Sr. Manuel – disse ela.
- Está bem! Liga!
E a mulher pegou no telefone e seleccionou o nome de Manuel Electricista.
A conversa foi rápida. O Manuel gostava de ir àquele apartamento fazer arranjos pois o aspecto provocador da senhora fazia-o ter uma boa performance sexual ao chegar a casa, o que muito agradava à sua Maria.
Desligou o telefone, a Judite, e falou:
- Ele vem cá amanhã ao fim da tarde. Como sabes, já estarei de férias e não me custa estar aqui para lhe abrir a porta.
- Ok! Amanhã eu vou andar por fora e devo chegar só à noite, mas tarde. Portanto não contes comigo para o jantar.
- Já mo tinhas dito. Mas é pena, meu amor! Por isso, logo à noite vais ter de me compensar – desafiou ela.
- Se tiver forças, Ju!
- Se não tiveres eu uso os meus tónicos secretos e tu arrebitas logo.

No dia seguinte pelas seis e meia da tarde, tocou a campaínha do apartamento.
- Olá, Sr. Manuel! Faça o favor de entrar – disse, com voz afectuosa, a dona da casa que estava vestida com um roupão de verão, semitransparente, que permitia ver parte das suas formosuras e adivinhar facilmente as outras.
- Com licença, senhora! – e o Manel passou para o interior da habitação com os olhos arregalados a ver aquele corpo em contraluz.
- Ah...deixe-me acender as lâmpadas! Até me esqueci com este calor! – desculpou-se a guerreira.
E continuou:
- Venha atrás de mim que eu levo-o ao quarto de banho onde há o problema.
- Sim senhora! – balbuciou o electricista.
- É aquele foco! – disse, apontando para o tecto.
- Estou a ver! – respondeu o artista – Posso usar este banquinho?
- Sim! Mas é melhor descalçar-se para não o estragar – sugeriu a Judite.
- Tem toda a razão! – e o Manel tirou as sapatilhas que usava.
- Enquanto o senhor arranja isso eu vou preparar uma banheira com gel de espuma para relaxar. Pode estar à vontade! – disse ela.
Mas o Manuel não ficou nada à vontade. Antes pelo contrário.
- Sim senhora! – gaguejou, desconcertado.
E enquanto tratava de reparar a avaria, ía ouvindo o barulho da água com espuma que enchia parte da banheira e dentro da qual se movia a mulher.
Ele deitava uma olhadela de vez em quando mas, a cortina fechada, não lhe permitia ver nada.
Até que:
- Está pronto, minha senhora! – avisou.
- Disse alguma coisa, Manuel? – questionou a dona com uma voz de tal forma sensual que até arrepiou o electricista.
- Sim senhora! Já está pronto! Tive de substituir o transformador.
- Então agora não se importa de me esfregar aqui um bocadinho as costas?
O sujeito, rapaz de vinte e poucos anos, alto e com uma boa figura, achou que aquilo era um descarado convite e respondeu:
- Com todo o prazer! Mas, para não molhar a roupa, vou ter de me despir.
- Claro! Dispa-se e entre aqui na banheira. Até fica a saber como é bom um banho nesta espuma.
E em alguns segundos o jovem estava a mostrar o seu corpo musculoso e o seu falo intumescido, de pé, dentro da banheira.
- Mas que homem, Manel! Deita-te aqui e brinca comigo.
E nem é possível descrever o que foi aquela meia hora seguinte pois, com tanta espuma, pouco se conseguiu ver. É preferível usar a imaginação.
Mas foi prazer carnal, total e absoluto, certamente.
Já saciados, ainda brincaram um pouco até que alguma coisa provocou uma forte irritação nos olhos da jovem.
- Ai! Os meus olhos! Não vejo nada! Esta espuma não costuma fazer-me arder tanto os olhos – queixou-se.
E, com as pálpebras cerradas, abriu uma parte da cortina para apanhar um lençol de banho.
Mas alguém se esquecera do secador de cabelo sobre a peça de pano turco e, pior do que isso, o aparelho eléctrico ficara ligado à tomada da corrente.
Ao puxar o toalhão, o secador caiu na água.
O curto-circuito iluminou todo o compartimento até tudo ficar escuro e em silêncio.
Só passados uns segundos, e refeito do susto, perguntou o Manel:
- A senhora está bem?
- Eu estou, embora a tremer. Nem sei como estou viva!
O homem puxou o fio do secador e desligou-o da tomada. Depois levantou-se e saiu da banheira dizendo:
- Vou enxugar-me e rearmar os disjuntores. É melhor a senhora sair da água e enxugar-se.
Pouco depois, já as luzes estavam acesas e os dois estavam-se secando quando ela perguntou:
- Oh Manuel! Não deveríamos ter morrido electrocutados?
- Felizmente a água é boa condutora e a banheira tinha ligação à terra. Assim, a descarga fez-se através dela e não dos nossos corpos – esclareceu o técnico.
- Graças a Deus! Ainda me custa acreditar que estou bem. Mas nos filmes as pessoas morrem electrocutadas, que eu já vi! – afirmou, ainda pouco esclarecida, a mulher.
- Isso é nos filmes! Actualmente, as regras de segurança, se forem cumpridas, evitam muitos acidentes – esclareceu o jovem.
E continuou:
- Bom! É melhor ir-me embora! A senhora fica bem, não fica?
- Acho que sim!
- Óptimo! Eu ainda demoro um bocadinho a arranjar-me. Mas depois posso ir sossegado?
- Sim! Mas tenho de lhe pagar! – lembrou-se a Judite.
- Um dia destes eu passo cá e trago-lhe a conta – respondeu o Manel.
- Está bem! Telefone-me que eu digo-lhe qual o dia e hora melhores para cá vir. Você é um tipo electrizante, Manel, e eu gosto de descargas!

sábado, fevereiro 17, 2007

Histórias curtas VIII - O menino da mamã

Afonso de Menezes era um sujeito com trinta e cinco anos de idade, filho único de um abastado comerciante e de uma senhora que pouco mais fizera na vida do que apaparicar o seu filho, vigiar atentamente as movimentações do marido para este não cair na tentação das saias (pecado para o qual ele sempre tivera grande propensão) e fazer reuniões três ou quatro vezes por semana com outras senhoras da sociedade onde se discutiam temas tão importantes para o futuro da humanidade como as condições climatéricas do dia, quem era a nova amante do senhor doutor Juiz (uma mocinha sem berço que, ainda por cima, tinha um cabelo horroroso), a colocação de silicone nos seios da esposa do engenheiro da Petrogal (ficou com uns seios que são uma exagero) e, evidentemente, as importantes notícias das várias revistas cor-de-rosa que abundam no mercado.
Como menino mimado, louvado e endeusado pela Umbelina de Menezes, o Afonsinho (que até tinha o nome do primeiro rei de Portugal) estudara imenso. Refiro-me ao tempo de estudo, claro. Estudara tanto, que só acabou o curso de Direito aos trinta e dois anos numa Universidade privada das de menor reputação mas maior facilitação, especialmente porque as propinas eram das mais caras e, portanto, havia alguma obrigação em que os estudantes acabassem os estudos com alguma rapidez senão a escola poderia perder muitos novos clientes.
Afonso saíra à progenitora!
De inteligência rara (poderia ter escrito rarefeita), tinha uma capacidade de trabalho bastante diluída e um dinamismo comparável ao desses moluscos tão simpáticos e indiferentes ao homem como são os caracóis.
Aliás, permitam-me um aparte para dizer que também a senhora sua mãe era parecida com os caracóis (e não digo caracolas pois os bicharocos são hermafroditas). Pelo menos nos cornos, pois o seu Asdrúbal, mais vivaço, dava-lhe a volta com facilidade e ía saboreando empregadas que passavam pela sua loja e outras damas, nomeadamente algumas amigas mais novas da sua amada Umbelina.
Voltando ao jovem doutor Afonso de Menezes, além de colocar as suas capacidades ao serviço do estudo das ciências jurídicas, gostava particularmente de gastar o dinheiro dos papás (mais rigorosamente, do papá) em belos e potentes carros e num guarda-fatos que era um sonho.
Vestia roupas de marca, odorava-se com os melhores perfumes, penteava-se com um cuidado milimétrico e exibia um garbo que era o orgulho da sempre atenta senhora sua mãe.
- O menino hoje não escolheu muito bem a sua gravata. Nem parece seu, Afonsinho! Vai para o escritório falar com os clientes, não se esqueça! Tem de estar o mais apresentável possível. Um senhor doutor advogado não é uma pessoa qualquer.
- Está bem, mamã! Eu vou lá acima mudar a gravata – aquiescia facilmente o estagiário numa firma de conhecidos advogados.
- Muito bem! Mas, por outro lado, esse after-shave que pôr hoje tem um cheirinho divinal – julgava a especialista e grande educadora do filho em matéria de pedantismo.
Mas havia quem tivesse do Afonso de Menezes uma ideia um pouco menos abonatória.
Entre vizinhos, amigos e colegas era mais conhecido por gostar de exibir o seu porte altivo e boa figura, por falar uma linguagem rebuscada num tom afectado e carregando nos "erres", por todos os seus movimentos gestuais serem como que estudados diante do espelho para resultarem o mais aristocráticos possível, por contar algumas aventuras de veracidade duvidosa.
E assim deixava os que o viam e ouviam a olhar uns para os outros com um sorriso sardónico nos lábios e uma pulga atrás da orelha.
Mas, apesar das histórias amorosas que contava, não se lhe conheciam namoros escaldantes, nem com meninas nem com meninos, e da fama de ser meio larilas não se livrava.

Numa solarenga tarde de inverno, estava a dona Umbelina em casa preparando-se para ir visitar uma amiga para mais um encontro cultural quando soou a campainha do portão da rua.
A empregada Marlene, jovem e simpática, abriu-o à distância e depois de ver que era uma rapariga bastante nova fez o mesmo com a porta da casa.
- O que deseja? – perguntou.
- Queria falar com a D. Umbelina. É um assunto urgente – disse a desconhecida.
- E qual é o assunto? – quis saber mais detalhes, a Marlene.
- É particular! Mas de muito interesse para toda a família Menezes.
- Eu vou ver se a senhora já saiu ou ainda está cá em casa. Um momento. Com licença – falou como lhe ensinara a patroa, a rapariga.
Fechou a porta deixando a jovem, bonita mas vestida com a simplicidade de uns jeans, uma camisola, um “anorak” e umas botas altas, a aquecer-se ao sol de inverno.
Passaram pelo menos uns cinco minutos quando a porta se abriu de novo e apareceu a bem tratada Umbelina.
Olhou para a visitante e disse:
- O que deseja?
- Preciso urgentemente de falar consigo, D. Umbelina.
- Mas eu agora tenho de sair para tratar de algo muito importante – retorquiu a madame tentando descartar a bela morena.
- Mas não é seguramente tão importante e urgente como o que eu tenho para lhe dizer – insistiu a Mafalda, assim se chamava a moça.
- Então diga lá! Mas seja rápida, por favor – condescendeu a dona da casa.
- Não posso entrar?
- Diga-me primeiro qual o assunto que é assim tão importante – travou a mais velha.
- Bom! Para ser rápida como pediu, vou directa à questão. Estou grávida e o pai é o seu filho Afonso!
A Umbelina ficou literalmente paralisada e durante um tempo indeterminado não falou. Nem tampouco se mexeu.
- Sente-se bem, a senhora? – acabou por ser a Mafalda a tentar retomar o diálogo.
A madame estremeceu e, finalmente, saiu do torpor em que caíra.
- Desculpe! Acho que ouvi que a menina está grávida do meu Afonso. Terei ouvido bem? – perguntou.
- Foi exactamente isso que eu disse. E vim falar consigo porque o Afonso nega ser o pai. Ora eu sei que é ele, por isso terá de ser feito um teste de ADN. E como sou menor, o seu filho terá de casar comigo.
Estas palavras quasi deitavam a Umbelina definitivamente por terra. Mas aguentou, ainda que com alguma dificuldade.
- Entre! Entre! Eu vou telefonar para o meu filho e para o meu marido – convidou a mamã.
- Com licença.
- Sente-se ali e aguarde um momento, por favor – disse a atordoada mãe do Afonsinho.
Saiu da sala de entrada e dirigiu-se à empregada:
- Marlene! Fique de olho naquela rapariga pois nunca se sabe! – avisou a patroa num arroubo de lucidez, coisa rara.
Depois dirigiu-se a outro compartimento de onde não pudesse ser escutada por mais ninguém e ligou para o querido Asdrúbal:
- Meu amor! Aconteceu uma coisa tremenda! Está aqui uma rapariga muito nova a dizer que está grávida do nosso menino.
O silêncio foi a resposta.
- Alô, Asdrúbal!
- Sim! Eu ouvi! Estava a pensar. Olha, Lininha, já ligaste para o Afonso? – falou, finalmente, o comerciante.
- Ainda não!
- Então telefona e diz-lhe para ir já para casa que eu vou aí ter imediatamente – sentenciou o marido.
- Muito bem! Até já! – e desligou dando um profundo suspiro.
Pouco depois:
- És tu, meu filho?
- Sou mamã! Estou bem! Mas não precisas de me telefonar tantas vezes pois sabes que estou a trabalhar – respondeu o ocupado pedante.
- Olha, filho! O menino tem de vir já para casa! – disse.
- Mas que aconteceu, mamã querida? Está alguém doente? – inquiriu, ansioso, o jurista.
- Não, meu filho! Está aqui uma rapariga muito jovem que diz estar grávida de si.
- Não é possível! E como é que ela se chama? – quis saber o causídico aprendiz.
- Nem lhe perguntei! Com a atrapalhação até me esqueci. Mas eu vou lá saber e já volto. Espere um bocadinho – decidiu a dona de casa.
Passado menos de um minuto.
- Mafalda e tem dezassete anos, disse ela – informou a Umbelina.
- Mas eu não conheço nenhuma Mafalda dessa idade. Vou já para aí. Um beijinho e tem calma que alguma coisa está errada – despediu-se o licenciado.
- Venha com cuidado! Guie devagar! O seu pai também vem para cá – acrescentou ainda a mulher do comerciante sem perceber que já não era ouvida.
Foi então avisar a jovem de que tinha de aguardar a chegada do marido e do filho.
Passado pouco tempo entrou o Asdrúbal, pela porta das traseiras, e foi ter com a esposa.
- Vamos esperar que venha o nosso rapaz. Entretanto vou espreitar a cara da rapariga – disse o homem.
Não demorou muito tempo que chegasse o Afonso. Esbaforido, nem parecia ele.
Também entrou pelas traseiras, pois recebera um telefonema nesse sentido, e começou a falar com os progenitores e a negar que fosse pai de quem quer que fosse.
- O melhor é irmos lá para dentro falar com a rapariga – sugeriu o Menezes mais velho.
E lá foram os três sentar-se junto da paciente Mafalda.
- Mas eu não conheço esta menina de lado nenhum! – afirmou, quasi aterrado, o Menezes mais novo.
- Isso é o que tu dizes! Mas sabes muito bem que temos uma relação há três meses e agora não podes fugir às tuas responsabilidades – afirmou, convicta, a rapariga.
- É uma falsidade! – quasi gritou o trintão – E é fácil provar isso com um teste de ADN. Além disso, já não tenho relações com mulheres há vários meses.
Eis que a rapariga se levantou, sorriu e disse:
- Desculpem! Mas fui escolhida por um grupo de amigos e amigas do Afonso para lhe pregar um susto e tentar saber se isso que ele diz de ter várias amantes secretas seria verdade. Agora vou-me retirar e fazer o meu relatório final.
O velho Asdrúbal foi o primeiro a reagir.
- Espere! Eu pago-lhe bem para não dizer nada sobre a última parte do que disse o meu filho.
- Não vale a pena! Eles disseram que cobririam qualquer oferta que me fosse feita para me silenciar. E agora vou-me retirar.
E saiu sozinha.
- Mas afinal tu és maricas? – inquiriu, com cara de pau, o pai.
- Não, pai! Não sou nada maricas! – retorquiu, choramingando, o estagiário.
- Então como explicas que, com trinta e cinco anos, passes meses sem ter relações com mulheres?
- Só tem uma explicação! Ainda não apareceu uma que me entusiasmasse a sério.
- Uma como a mamã, não é Afonsinho?
E os olhos do Asdrúbal deitaram fogo!

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Hoje não é Dia dos Namorados

14 de Fevereiro.
Hoje faz 24 anos que faleceu a minha mãe.
Foi numa segunda-feira de Carnaval.
Na terça-feira, ao acordar, abri a persiana e olhei pela janela.
Estava tudo coberto de neve.
Nunca mais vi assim a Maia e já cá resido há 27 anos.
Será que a natureza se vestiu de branco especialmente para se despedir da mãe Julieta?

Numa sexta-feira, recebi um telefonema do meu cunhado que na altura vivia com a minha irmã e os dois filhos em casa dos meus pais. Já tinha jantado e ele disse-me que iriam levar a minha mãe para o Hospital de Santo António, para a Urgência.
Já não se vinha sentindo muito bem e tinha muitas dores nos membros inferiores, mas a situação agravara-se.
Comentei para a minha mulher:
- É o começo do fim da minha mãe!
Premonição?
Acho que não, mas tinha a certeza que tinha razão.
Fui logo para lá. Que confusão!
Finalmente lá foi para uma enfermaria.
No sábado fui visitá-la. Falei com os médicos. Não sabiam qual a causa do mal, mas inclinavam-se para um vírus que lhe teria atacado o sistema nervoso e provocado uma paralisia flácida ascendente.
No domingo foi o baptizado do meu filho. Não houve qualquer festa, naturalmente. A minha mãe tinha mandado fazer um vestido novo para usar nesse dia. Não o usou nesse dia mas foi o que escolhemos para lhe servir de mortalha.
Foi a última vez que a vi consciente.
Na 2ª feira de manhã, por voltas das onze horas, telefonou a minha irmã que, por razões profissionais se mexia bem naquele Hospital, a dizer:
- A mamã está em coma nos Cuidados Intensivos.
O horário de visita era só de meia hora e não mais de duas pessoas de cada vez.
Mas a situação agravava-se dia a dia. A causa da doença continuava mal definida. A temperatura do corpo era de 35º centígrados.
No sábado, um médico disse-me que a mãe Julieta já estava num estado de morte cerebral, irreversível.
A segunda-feira de Carnaval foi o dia oficial da morte pois foi quando desligaram as máquinas que a mantinham aparentemente com um sopro de vida. Mas era só aparentemente.
A autópsia, que não foi conclusiva, e o funeral realizaram-se na quarta-feira de cinzas.
Foi sepultada no jazigo da família em Vila Praia de Âncora. Tinha 66 anos.
Dez anos depois o meu pai foi-lhe fazer companhia.

Foi em 1983.
Faz hoje 24 anos!
Mas parece que foi ontem!
Escrevi tudo isto de rajada e não verti uma lágrima.
Acho que as gastei todas esta manhã.

NOTA: Tinha previsto colocar aqui, hoje, mais uma das minhas ”Histórias curtas”, mas o coração ordenou ao cérebro para alterar a programação.

sábado, fevereiro 10, 2007

Um grande susto

Lembram-se de vos falar num tal Fausto (ou Bouças) no texto de 16 de Dezembro último e que intitulei de “Natal e Ano Novo na grande família”?
Não?
Era o jovem empregado dos meus tios Simão e Bela que tinham a pensão onde decorriam as concorridas ceias da grande família.
Já se estão a recordar?
Exactamente!
Esse mesmo!
O que representava o papel de Pai Natal, de Ano Velho e Ano Novo para gáudio de miúdos e graúdos.
De seu nome Fausto Enes da Silva, filho de uma mãe de vários filhos, cada qual com seu pai, vivia miseravelmente num casebre lá em cima, no caminho do monte sobranceiro à terra piscatória: Vila Praia de Âncora.
Ainda muito jovem foi trabalhar para os meus tios e era o parceiro favorito do mais novo dos meus primos, o Nando, pois tinham a mesma idade.
Ali cresceu, dali partiu para a guerra, ali se fez homem e dali se fez marido e pai.
Como ando numa onda de histórias com mortes, alucinações e outras coisas mais ou menos macabras, lembrei-me de uma peripécia ocorrida com o Fausto.
Todas as noites ele saía já tarde do trabalho e subia, através de carreiros que muito bem conhecia, por entre silvados e muros ou muretes feitos de pedras graníticas, por zonas descampadas ou por quintais proibidos, até à pobre casa onde chegava com alguma comida para a mãe e os irmãos.
Foi numa noite invernosa, com chuva intensa e um vento cortante que, em certo ponto do percurso, sem iluminação pública e com a lua escondida deixando tudo mergulhado numa escuridão quasi total, sentiu ser-lhe arrancada a boina que lhe agasalhava a cabeça.
E o rapaz, que ao tempo deveria ter cerca de vinte anos, nem para trás olhou: correu tanto quanto pôde impulsionado pelo pavor de ser seguido por quem lhe havia roubado a útil peça da indumentária.
Chegou a casa a deitar os bofes pela boca.
Apagou as luzes, disse à mãe que tinha deixado cair o embrulho com a comida pelo caminho, trancou bem as portas e janelas, verificou que não havia ninguém nas proximidades e foi dormir.
Na manhã seguinte, acordou a pensar quem lhe teria arrancado a boina.
Vestiu-se e meteu pés ao caminho, monte abaixo, rumo à vila, seguindo o percurso habitual que era, naturalmente, o inverso do da véspera.
Eis que, ao desfazer uma curva do caminho, viu a sua boina pendente de um ramo do silvado, presa por um espinho, bamboleando ao sabor da brisa matinal.
Rui-se a bom rir do pânico em que ficara na noite anterior e quando chegou à pensão não resistiu a contar a história.
Escusado será dizer que nessa manhã, e durante algum tempo, esta desventura do Bouças foi motivo de chacota e gargalhadas em toda a vila.
Para finalizar, deixem-me fazer uma perguntinha inocente: e se isto tivesse acontecido consigo...sim, consigo...junto a um cemitério?

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

7 de Fevereiro, de novo

“Irreverência, humor, criatividade, non-sense, ousadia, experimentalismo. Mas tudo pode aparecer aqui. E as coisas sérias também. O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa-de-forças!”

Foi isto que escrevi como linha orientadora do blog “Eu sou louco” quando o criei no dia 7 de Fevereiro de 2005.

Faz hoje dois anos!

Esse subtítulo mantém-se o mesmo, mas o conteúdo é superior a 200 (duzentos) posts.
Todos de textos em prosa.
Sem fotografias, nem música, nem vídeo.
O mais simples possível.
Quis que este sítio valesse só pelo que aqui fui deixando escrito.
Utilizei os mais variados temas e assuntos:
Memórias, muitas memórias, histórias verdadeiras, mas também muita ficção, curta ou mais ambiciosa em termos de dimensão do trabalho, muitas vezes com um toque humorístico e pretensões de fazer sorrir ou mesmo rir. Mas também crónicas, artigos de opinião, abordagens mais pessoais e íntimas, eu sei lá...

Imensos são os comentários que aqui estão. Também fazem parte do património.
Um obrigado a todos aqueles que os deixaram por cá...e não foram poucos.
Para mim é importante ter um “feed-back” do que coloco on-line.
O que escrevi foi sempre para os que me quisessem ler, tentando usar uma linguagem que fosse compreensível.
Não escrevo para mim. Foi e será sempre essa a minha opção.
Se não tivesse leitores não valeria a pena escrever.
Também agradeço aos que leram mas não comentaram. São mais do que eu pensava. Depois de recentemente ter feito umas contas simples (com base no número de visitantes que o meu totalizador indica) acho que visitam este blog cerca de 100 pessoas por dia; considerando que só metade lê um texto, então teria 50 leitores por dia, em média.
Nem que fossem 30 ou 40.
Sinto-me orgulhoso!

Ao longo destes vinte e quatro meses conheci aqui muitas pessoas. Algumas tive oportunidade de contactar pessoalmente, lá fora, no chamado mundo real.
Fiz amizades.
Foi bom!

“...O futuro dirá se valeu a pena...ou melhor seria ter estado quietinho, preso por uma camisa-de-forças!”

Sinceramente, e perdoem-me a imodéstia, acho que valeu a pena.
Mas se algum dia, próximo ou afastado, acharem que já não vale mais a pena, peço-vos que me prendam à camisa-de-forças.
Por favor!