No velho mIRC - parte III
ELE: Olá, boa noite! Tudo bem?
ELA: Comigo, sim. O jantar correu bem?
ELE: Claro! Os velhotes adoram ter o filho em casa.
ELA: Imagino! És filho único?
ELE: Não! Tenho uma irmã casada, mais nova do que eu 3 anos e com 3 filhos.
ELA: Eu sou filha única.
ELE: Então deves estar bem mimada.
ELA: Acho que tenho os defeitos dos filhos únicos. Mas pouco evidentes.
ELE: Não gostas de ser contrariada, amuas com facilidade, um pouco individualista.
ELA: Olha como tu sabes!
ELE: Conheço vários. A Fernanda também era assim; mas com essas características mais vincadas.
ELA: Fernanda, a tua...mulher?
ELE: Sim!
ELA: E só visitas os teus pais uma vez por semana?
ELE: Às vezes vou lá ao sábado ou ao domingo. E telefono todos os dias
ELA: Lindo filho!
ELE: Vivem na Maia assim como a minha mana. Ela vai lá mais vezes.
ELA: E tem os netinhos.
ELE: O João com 12, a Mariana com 10 e o Miguel com 3.
ELA: Actualmente, na média burguesia já há poucos casais com 3 filhos.
ELE: O Miguel passa lá o tempo.
ELA: Tens boas relações com os senhores?
ELE: Com o meu pai, durante o período da adolescência, nem sempre eram fáceis.
ELA: Nada de anormal.
ELE: Claro! Depois foram melhorando e com a morte da Nanda…
ELA: Já percebi! Depois passaram a ser muito mais amistosas.
ELE: Também lhe morreu um neto!
ELA: É curioso!
ELE: Não percebi! O que é curioso?
ELA: Desculpa! Mudei o rumo à conversa. Mas não resisti a dizer uma coisa.
ELE: Não resististe a dizer: “É curioso” ou “uma coisa”? lololol
ELA: lol Não! A dizer como, ao fim de 3 dias de conversas à distância, parece que já nos conhecemos há imenso tempo.
ELE: É verdade! É o sortilégio destes novos meios de comunicação.
ELA: E não só! Já tenho falado aqui com algumas pessoas. Mas contigo houve um clique qualquer que fez surgir uma empatia muito especial. Aconteceu-te o mesmo?
ELE: Aconteceu! Mas daqui a poucas semanas tudo pode desaparecer. Acho que, apesar do que contamos um ao outro, permanece um mistério que mantém vivo o encantamento. Mas depois converte-se em tédio se não o alimentarmos. As conversas à distância tornam-se monótonas e tudo estiola. Já vivi isso mais de uma vez.
ELA: Não tenho tanta experiência nisto como tu. Mas o que dizes parece-me lógico.
ELE: Podes crer! Mas como vamos jantar qualquer dia, teremos então a prova dos nove. Ou a empatia se revitaliza ou murcha. Será um momento fundamental.
ELA: Tu pareces mestre no assunto.
ELE: Depois da morte da Fernanda já tive alguns almoços ou jantares ou mesmo mais do que isso. E foi a partir daí que as coisas se clarificaram
ELA: E houve alguma situação em que a atracção tenha aumentado e não diminuído?
ELE: Não gosto muito da palavra atracção. Prefiro empatia ou mesmo encantamento.
ELA: E houve?
ELE: Sim, houve. Com uma rapariga aqui da zona do Porto, com 28 anos e solteira.
ELA: Upa! Foi recente?
ELE: Começou aqui à 4 anos. Eu tinha 38. Era muito bonita e elegante. Mas não muito inteligente.
ELA: Era loira? lololol
ELE: lololol Não! Bastante morena.
ELA: E foram fazer um jantarzinho…
ELE: Já sabes umas coisas.
ELA: E depois foram passear de carro. Ó meu querido! Isso é o trivial.
ELE: E eu disse o contrário?
ELA: E depois foram para o teu T1.
ELE: Certo. Continua e se te enganares eu intervenho.
ELA: Puseste um disco soft a tocar. Serviste um licor.
ELE: Whisky lololol
ELA: Tocaram-se nas mãos, depois acariciaram a face, depois um abraço e um beijo…agora continua (se achares que deves, claro)
ELE: Exactamente…primeiro no sofá e no chão, com alguns preliminares. Depois na cama já com muitos mais.
ELA: E não pregaste olho toda a noite.
ELE: A moça era uma fera selvagem.
ELA: Comeu-te todo lololol
ELE: Pois…e ficou lá a viver. Eu andava com fome. Pumba! Pensei com a parte de baixo.
ELA: Agora já não faço perguntas. Dizes o que quiseres.
ELE: Rapidamente percebi que ela só servia para a cama e para dar nas vistas na rua ou em outros locais públicos.
ELA: Estou caladinha.
ELE: Mas dava-me um certo gozo exibir uma fulana tão boa.
ELA: Não me parece que houvesse grande paixão. Oh….falei!
ELE: Não. Tudo carnal. Não tinha grande instrução nem educação. Mas foi ficando.
Eu ausentava-me para o trabalho e, sobretudo nas grandes ausências, comecei a matutar no que faria ela quando eu estava fora.
ELA: Não trabalhava? Oh…falei outra vez!
ELE: Era esteticista. Mas gastava muito mais do que ganhava.
ELA: E tu…ai ai ai…desculpa mas não me contenho.
ELE: lolololol Dizias bem! A Marta (não era este o nome, mas acho que não devo dizer o verdadeiro, percebes?) começou por me pedir pouco. Mas foi aumentando a parada gradualmente.
ELA: Desculpa-me que te diga. Mas foste um bocado otário.
ELE: Um bocadão!
ELA: Estás a ver? Não aguento sem falar. Desculpa-me! Mas estas histórias agitam-me.
ELE: Estás desculpada! lololol
ELA: És um querido!
ELE: Eu sei! Quando queria que abrisse a carteira, a Marta era terrivelmente sedutora, e também dizia que eu era um querido mas com tal languidez que as notinhas deslizavam suavemente para a carteira dela.
ELA: Mas que nabo! Ai....desculpa!
ELE: lololol mas deixa-me voltar à minha desconfiança sobre o que ela fazia nas minhas ausências.
ELA: Por mim estás à vontade lololol
ELE: Uma vez, estava em Évora, resolvi regressar a casa no dia anterior ao previsto, à noite.
ELA: Ai meu Deus!
ELE: Entrei sorrateiramente e às tantas começo a ouvir umas risadas vindas do quarto. Ainda pensei que estivesse a ler alguma coisa com piada, mas depois oiço uma voz de homem a dizer qualquer coisa que não percebi.
ELA: O que eu calculava!
ELE: Também eu! Mas não tinha pensado com rigor no que faria.
ELA: E que fizeste? Despacha-te! Oh…desculpa.
ELE: Tive receio de entrar no quarto. Escondi-me atrás dum cortinado e fiz um telefonema a dizer que chegava dali a uns 10 minutos.
ELA: Coooooooooooonta!
ELE: lololol Estás a rir-te à minha custa.
ELA: Não, juro! Mas a novela está emocionante.
ELE: Foi o reboliço total! Passados uns minutos saiu do quarto um tipo negro, muito alto e espadaúdo, ainda a vestir-se.
ELA: Mamma mia...
ELE: Então eu entrei no quarto e chamando-lhe uns nomes feios mandei-a para a rua.
ELA: Que horas eram?
ELE: Cerca das onze.
ELA: Também foste chato. A essa hora da noite...
ELE: Pois…como eu sou um coração mole e perante o choro dela, os pedidos insistentes de desculpa e o argumento de que não tinha para onde ir, mandei-a dormir no sofá.
ELA: Que bom coração! Era de a pôr a dormir dentro da banheira! Ou no soalho!
ELE: Mas no dia seguinte saiu…para sempre.
ELA: E ainda te bafou umas coisas.
ELE: Não! Não dei por falta de nada.
ELA: E ainda lhe deste dinheiro na despedida.
ELE: Sim…mas pouca coisa.
ELA: Tens, de facto, um coração feito de manteiga.
ELE: Satisfeita com a história?
ELA: Quanto tempo durou o namoro?
ELE: 6 meses. E agora vou dormir. E amanhã é a tua vez de me contares coisas de ti.
ELA: Eu não tenho histórias dessas.
ELE: Contas outras.
ELA: Ok
ELE: Então boa noite e dorme bem
ELA: Tu também.
ELE: Beijinhos *******************
ELA: de estrelinhas lololol ***********************
ELE: Xau. Bom trabalho amanhã.
ELA: Xau. És um querido!
ELE: Tu é que és uma querida!
ELA: Sério!
ELE: Vou sair
ELA: Bons sonhos!
ELE: Igualmente. Saí!